A ex-controladora-geral adjunta do Estado, Simone de Souza Becker, disse à CPI dos Respiradores que a Secretaria da Saúde recusou, num primeiro momento, o apoio direto da Controladoria-Geral do Estado (CGE) na instrução dos processos de compras relacionados à Covid-19. Ela depôs à comissão na manhã de quinta-feira (2/6) por quase duas horas e meia.
Segundo Simone, o então diretor de licitações da SES, Carlos Charles Campos Maia, recusou a presença dos auditores. “Ele [Campos Maia] comentou que havia uma resistência à CGE, porque a controladoria tinha feito uma auditoria na lavanderia dos hospitais sem avisar”, afirmou a depoente. “Ele disse também que nós não conhecíamos o operacional da Saúde e não havia tempo hábil para nos orientar nisso”.
Os membros da CPI alertaram que tanto Campos Maia quanto Marcia Pauli, ex-superintendente de Gestão Administrativa da SES, afirmaram em depoimento que não tiveram ajuda da CGE.
No entanto, Simone informou que posteriormente o então titular da SES, Helton Zeferino, participou de uma reunião na qual pediu a presença dos auditores da CGE na secretaria. Essa reunião ocorreu em 6 de abril e no dia 8 os servidores da controladoria começaram a atuar presencialmente na SES.
Simone afirmou que sempre defendeu no grupo a aprovação de um projeto de lei pela Assembleia que tratasse do pagamento antecipado das compras, mediante a apresentação de garantias pelos fornecedores. Esse projeto chegou a ser encaminhado para a Assembleia, mas foi retirado pelo governo.
“Não sei dizer porque ele foi retirado, mas isso me surpreendeu”, comentou. “Acredito que existia uma pressão dos fornecedores [pelo pagamento antecipado], mas minha defesa foi sempre pelo projeto de lei. Por mais que houvesse essa pressão, haveria o amparo de uma lei.”