O ano de 2021 marca o início de uma nova gestão na prefeitura de São José. Em meio à pandemia da Covid-19, que gera impactos na saúde e na economia desde o ano passado, o município apresentou o plano de recuperação econômica, denominado Avança São José. Em entrevista ao Correio, o secretário de desenvolvimento econômico, Marcelo Fett, explica os principais pontos do plano e conta que, do ponto de vista econômico, vê um futuro “bastante animador para a cidade”.
Correio de SC – Quais são as linhas gerais do programa Avança São José?
Marcelo Fett – Assim que o prefeito me convidou para assumir a secretaria ele me passou uma incumbência, que era no menor espaço de tempo possível criar um programa que pudesse mitigar os efeitos da pandemia para os empreendedores, os empresários do município de São José. A ideia é criar um programa que dê impacto direto no ambiente de negócios e, conseguinte, na geração de emprego e renda. A gente começou a montar um programa para atuar junto a esses empreendedores, se não solucionando 100%, mas pelo menos contribuindo de alguma forma para a recomposição do caixa das empresas. Então estamos fechando um projeto de lei que cria um fundo de aval no município. Tivemos uma série de conversas junto ao BRDE e Badesc, para que a gente possa disponibilizar uma linha de crédito de até R$ 100 milhões, em condições bem diferenciadas, com juros subsidiados, em torno de 4,5% ao ano, com 18 meses de carência e mais 36 meses para pagar. A meta de que em 60 dias tenha tudo isso costurado com os bancos.
Correio de SC – O que é o São José Conta Digital? Pode detalhar o ponto do cashback?
Fett – Toda transação comercial tem por detrás uma transação financeira. Se vou no supermercado e compro uma caixa de leite, uso meu cartão de crédito ou de débito para pagar o valor, recebo a mercadoria e o sujeito fica com o dinheiro. Então essas transações, sejam de uma ação comercial ou de uma prestação de serviço público, podem custar no valor de até 6% do valor da transação. [Por isso], quando vai num posto de gasolina, por exemplo, alguns quando você paga em dinheiro o valor é mais barato, não é que o sujeito está sonegando, é porque não tem o custo da transação. Esse custo hoje vai quase que todo para Barueri, que é lá que estão as sedes dos bancos, das companhias de cartões de créditos.
A norma diz que quando eu crio um arranjo de pagamento, coloco diferentes contas de pagamento dentro desse arranjo, essas transações não tem esse custo de 6%, então o cashback é a distribuição dessa economia que existe por fazer transações dentro de um mesmo arranjo de pagamento
Correio de SC – Dentro do programa Avança São José, quais os destaques de maior impacto e o que está sendo implementado?
Fett – O Avança São José vem sendo construído e discutido há 60 dias, a gente lançou o plano e estamos saindo para a fase de implantação das primeiras medidas. Do ponto de vista de alto impacto no longo prazo, o que realmente pode mudar a realidade econômica de maneira estruturada, eu diria que é a Jornada de Formação Empreendedora, que em diversas frentes e gerações disponibiliza a formação de competências para o mercado de trabalho. A primeira atuação se dá a partir da sétima série, até os 14 anos da pessoa, a segunda etapa é dos 14 aos 18, uma idade que a pessoa já tem condição de ser jovem aprendiz, a terceira etapa é quando a pessoa já está no mercado de trabalho e a última etapa é das pessoas que já tem um histórico de atuação profissional e gostariam de se reinserir numa nova economia.
Correio de SC – Como você vê o futuro de São José?
Fett – São José, como diz nossa campanha que foi ao ar esta semana, é uma terra de oportunidades. De tal forma, diante da decisão do prefeito Orvino de que isso [plano econômico] é uma prioridade, eu creio que o futuro do ponto de vista econômico é bastante animador para a cidade, não só em termos de crescimento, mas principalmente em termos de desenvolvimento, que significa na prática qualidade de vida, bons salários. O emprego é importante, mas mais importante que o emprego é o emprego de qualidade, ser bem remunerado, estar numa empresa boa para trabalhar, dentro de uma cidade boa para se viver, para se divertir.
NA FECAM
Fett foi convidado para gerenciar a Câmara Temática de Desenvolvimento Econômico da Federação Catarinense de Municípios (Fecam), criada nesta quarta-feira (17/3). Ele alertou que existe uma realidade de parcela significativa dos empreendedores catarinenses que não pode ser negligenciada por conta por conta dos bons índices de alguns setores.
“Diversos setores estão com imensas dificuldades para fechar as contas e manter seus negócios e não estão encontrando amparo ou suporte algum. Temos, sim, alguns segmentos que podem até estar indo bem na crise que vivemos, mas existe uma SC que clama por socorro e não aparece nos índices governamentais. Basta perguntar para os empresários do setor turístico que sozinho representa 12% do PIB catarinense ou para os empreendedores da educação”, afirmou.