Após mais uma abordagem, revitalização da Av. Josué di Bernardi será discutida

policial feminina conversa olhando no celular com um morador de rua sentado no meio fio ao longo de um muro sob o viaduto; em primeiro plano há um carrinho de supermercado; ao lado algumas outras pessoas (policias e agentes públicos de saúde) conversam
Mesmo com o frio na manhã desta terça-feira (21/8), todas a pessoas abordadas sob o viaduto não aceitaram encaminhamento para abrigo - Foto: PMF/Divulgação

Na manhã desta terça-feira (21/8), Prefeitura de Florianópolis, Ministério Público, Polícia Militar e Conselho Comunitário de Segurança (Conseg) realizaram a 90ª força-tarefa DOA (Defesa, Orientação e Apoio às Pessoas em Situação de Rua) com abordagem sob o viaduto da Josué di Bernardi, na divisa com São José. Na ocasião, foram abordadas 13 pessoas e nenhuma aceitou encaminhamentos propostos pela Secretaria de Assistência Social.

A Comcap compareceu com equipes de remoção e limpeza pública, caminhões caçamba e minicarregadeira. Foram removidas sete toneladas de resíduos volumosos com o trabalho de três operadores e seis auxiliares. De acordo com a diretora de Operações da Comcap, Nilda Oliveira, dessa vez a quantidade de resíduos foi menor. “Esperamos que a repetição das ações acabe por melhorar o espaço que será, muito em breve, totalmente revitalizado”, disse ela.

Na próxima segunda-feira, 27 de agosto, às 14h, no auditório da Associação dos Municípios da Grande Florianópolis (Granfpolis), em Capoeiras, vai ocorrer uma reunião para tratar da revitalização urbana e eliminação do ponto de descarte irregular no entorno do viaduto da Josué di Bernardi. Será discutido o projeto de recuperação que inclui obras, paisagismo, ação social, educação ambiental, fiscalização e zeladoria urbana.

Avaliação do promotor
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O promotor de Justiça Daniel Paladino, coordenador da força-tarefa DOA, acompanhou a ação. Segundo ele, já houve progressos sensíveis e o maior é conseguir formar a rede com vários organismos públicos e representativos da sociedade civil para fazer essas atuações constantes. Até agora foram 90 operações.

“Evidentemente que a situação está longe do ideal, mas se não fosse a atuação da rede, a situação estaria muito pior, com certeza”, afirmou.

O grupo mantém ações fixas todas as terças e quintas nas ruas e ações extraordinárias à noite, pelo menos uma vez por mês. Fora isso, durante a semana, são feitas várias reuniões de planejamento das ações.

Mais uma vez, grande quantidade de lixo foi retirada do lado de Florianópolis, na divisa da Av. Josué di Bernardi – Foto: PMF/Divulgação
Pessoas preferem ficar na rua

Com temperatura em torno de 12 graus, vento e chuva, Sandra Boing Martins, gerente de média complexidade da Secretaria de Assistência Social, cuidou das 13 abordagens feitas sob o viaduto da Josué di Bernardi. Nenhuma das pessoas aceitou ajuda para deixar a situação de rua.

O encaminhamento oferecido pela Assistência Social, informou Sandra, é o Centro POP, na Passarela Nego Quirido, centro de referência especializado em atendimento a pessoas em situação de rua. Dali, podem ser encaminhados para fazer documentos, para a Saúde, para tratamento no Caps, para fazenda terapêutica ou casa de passagem.

“Dentro dos equipamentos há algumas regras, como horário para entrar e sair. Aliás, para viver em sociedade há horários e regras. Eles não aceitam essas regras, na rua estão livres, podem dormir até a hora que quiserem, usam o crack, a bebida e lá dentro não podem usar”, comenta Sandra sobre os motivos da recusa por encaminhamentos oferecidos pelo poder público.

De acordo com o vice-presidente do Conseg Centro, Rodrigo Marques, conselheiro da CDL de Florianópolis, que acompanhou a operação sob o viaduto da Josué di Bernardi, hoje são 500 pessoas em situação de rua em Florianópolis e na temporada chega a 800.

“Para nossa tristeza, por conta do crack, que é uma droga muito utilizada por essa população, as pessoas não querem assistência. Muitas vezes, a própria sociedade ajuda a condição dessas pessoas estarem na rua, ao dar esmola, barracas, roupas, sopa, comida durante à noite. Muito embora seja uma ação solidária, humanitária, lamentavelmente atrapalha o nosso trabalho porque as pessoas deixam de procurar ou aceitar os serviços oferecidos pelo poder público”, disse ele.

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