Hoje no país, cerca de 95% dos negócios faturam menos que R$1 milhão. São empresas fundadas para as pessoas se darem um emprego ou estilo de vida, o que chamamos de lifestyle business. O empreendedor sendo um profissional fora da curva, terá no máximo margem de 25% a 30%, uma receita de R$ 200 a 300 mil ano. Isso sem contar com os percalços: crise, dívidas trabalhistas, empréstimos etc.
Com um mercado forte entre transatlânticos e graneleiros, pequenos barcos viram na primeira grande maré. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), seis em cada dez empresas fecham com menos de cinco anos de atividade, ou seja, menos da metade (apenas 40%) continua em operação. Por isso, preparar seu negócio para que ele seja escalável ou expansível não é uma opção, é uma estratégia de sobrevivência.
Escalável X Expansivo
Há uma grande diferença entre os termos. Há pelo menos uma década se fala sobre startups aqui no país, que é um modelo de negócio, geralmente de âmbito tecnológico, que busca solucionar uma dor do mercado que faça você crescer exponencialmente, e isso significa reinvestimento para queimar caixa. O foco aqui não é o dividendo, mas sim, o crescimento a curto e médio prazo.
É um modelo de negócio que: ou você cresce, ou morre. Pois você está esperando sempre pela próxima rodada de investimento, e ela é um múltiplo em cima do seu crescimento/faturamento. Esse investidor não olha para o seu lucro, mas para a expansão do seu negócio. A Uber, por exemplo, teve em 2019 U$ 8 bilhões de prejuízo, mas é uma marca que vale centenas de bilhões pelo potencial de mercado.
Negócios Expansíveis
Agora, quando falamos de negócios expansíveis, são as empresas em que os custos acompanham o crescimento da receita, só que você mantém a sua margem. A Espaçolaser, como exemplo. A marca precisa do espaço físico – tem mais de 600 unidades, mas tem uma equipe qualificada e consegue utilizar recursos tecnológicos para aumentar essa margem.
O mesmo pode ser usado para negócios tradicionais como uma rede de padarias, serviço de manutenção ou uma casa de construção. O crescimento varia conforme o investimento em operação, ferramentas (e-commerce, Whatsapp Business, etc) e equipe qualificada para usar os recursos disponíveis e dar suporte diferenciado.
E eu bato na tecla de equipe, pois o empreendedor não cresce sozinho. No meu livro, ” Cientista do Marketing “, falo que mais importante do que ter ideias e criar um layout bonito, é preciso, assim como um profissional da ciência, a equipe reunir uma dor/problema, entender o objeto de estudo e começar a executar algumas hipóteses para chegar na solução. Não existe fórmula mágica, mas estudos e caminhos.
Para conquistar os diferentes tipos de crescimento que citei acima, você precisa ser um cientista, não um advogado. Explicando o termo, o advogado defende uma causa, estando certo ou errado. O trabalho do cientista é sempre questionar as evidências para chegar em um melhor resultado. Seja um empreendedor inconformado, questione seu planejamento e tenha humildade intelectual para “quebrar” seu negócio todos os dias com o intuito de potencializar seus resultados.
* Dener Lippert é CEO e fundador da V4 Company, maior rede de assessoria de marketing digital do país, autor do best-seller “Cientista do Marketing” e colunista do InfoMoney. Dener tem apenas 27 anos, mas já figura entre os principais empreendedores do país. Também é host do ROI Hunters, podcast de marketing do InfoMoney com foco em assuntos ligados a growth, marketing digital e business.