O uso de produtos agrotóxicos formulados a partir do ingrediente ativo Fipronil será restringido em Santa Catarina, ficando proibida sua aplicação apenas nas folhas de lavouras. A decisão é da Cidasc, publicada nessa semana (24/8), após dois anos de debate com o lobby do setor, operado principalmente pelos fabricantes.
A Cidasc afirma que o uso será limitado para proteger as abelhas. “A literatura especializada indica que o uso foliar do produto (aplicação sobre a lavoura já em fase de crescimento) é prejudicial às abelhas (…). Esse resíduo é levado para a colmeia, contaminando outras abelhas e afetando toda a colmeia“, diz a companhia. Há centenas de outras espécies de insetos que polinizam lavouras, todas afetadas pelo Fipronil.
A Cidasc afirma que investigou todos os casos de mortandade de abelhas e naqueles em que há relação com uso de agrotóxicos, a substância identificada foi sempre o Fipronil. A companhia não divulgou quantas milhares de mortes de abelhas da apicultura foram causadas por essa substância. No Rio Grande do Sul recentemente o governo também confirmou que o agrotóxico foi encontrado em 77% das colmeias.
Além da aplicação foliar em mudas em viveiros, outras formas de aplicação deste agrotóxico foram mantidas na nova resolução, incluindo o uso mais comum da substância no Brasil e em Santa Catarina, que é o tratamento de sementes. Por ser uma aplicação em ambiente fechado e controlado, a Cidasc afirma não nega que há risco, mas que é minimizado. Isso não evita o risco para as centenas de espécies de polinizadores que existem além das abelhas comerciais, produtoras do famoso mel catarinense, e das nativas, ainda mais essenciais para o meio ambiente.
O fipronil é uma substância que atua no sistema nervoso de insetos para matá-los. Sua letalidade ao ser humano é considerada baixa. Porém o agrotóxico é um dos que tem sido encontrados em águas subterrâneas em Santa Catarina nos últimos anos. Como seu uso não foi totalmente proibido, deverá continuar poluindo o solo. Em 2017 foi descoberto que o fipronil contaminou produções de ovos em 17 países da Europa.
Por Lucas Cervenka – reportagem@correiosc.com.br