O armazenamento incorreto de vacinas contra Covid-19 por parte dos municípios de Santa Catarina já resultou no descarte de milhares de frascos de doses. Com as ampolas em temperaturas altas por mais tempo que o indicado pelos fabricantes, por regulação nacional os funcionários das secretarias de saúde devem jogar no lixo o que “esquentou”.
De acordo com dados da Diretoria de Vigilância Epidemiológica de SC (Dive), foram, até o último dia de novembro, 4.697 doses rejeitadas. 1.091 dessas doses descartadas eram de Coronavac, do laboratório Butantan, 330 da Astrazeneca/Fiocruz e, a grande maioria, eram vacinas da Pfizer, chegando a 3.276 doses.
Segundo o órgão, que regula a distribuição dos lotes aos municípios, há diferentes motivos para que as vacinas contra o coronavírus tenham ido conscientemente para o lixo desde o início da campanha, em janeiro, mas em todos eles o resultado é o mesmo: doses que ficaram muito tempo fora de temperatura de resfriamento.
O principal motivo é um dos mais questionáveis: esquecimento na caixa térmica (962 doses). Com a necessidade de distanciamento, ao longo dos meses as vacinas foram utilizadas em diversos drive-thrus organizados por secretarias municipais de saúde e, para tal, eram armazenadas provisoriamente durante as aplicações nos recipientes de plástico. A análise das doses perdidas mostra que o esquecimento é indicado como principal fator para as doses terem ido para o lixo.
Os demais motivos elencados pelos municípios para o descarte de vacinas contra Covid também foram: falha no transporte (19 doses), falha no equipamento (2.865 doses), falta de energia elétrica (18 doses), desconexão acidental da tomada (498 doses) e desligamento do disjuntor (335 doses).
Por outro lado, também pode indicar que as doses foram usadas de fato como “xepa”, mas dadas como perdidas nos relatórios oficiais.
Ainda conforme a Dive, o plano de imunização contra a Covid já prevê um teto de 5% de perdas de doses, mas que o estado tem trabalhado para minimizar essa perda. Se considerada as 12,5 milhões de doses recebidas em Santa Catarina até essa terça (30/11), as perdas estão na ordem de 0,037%. A Dive também informou ao Correio que não é possível detalhas as perdas por cidade porque o sistema do Ministério da Saúde que compila todos os dados de vacinação no país não gera relatório geográfico sobre as vacinas de Covid descartadas.
Por Lucas Cervenka – reportagem@correiosc.com.br