Chegou ao Brasil, às 4h45 desta quinta-feira (13/1), a primeira remessa de vacina contra coronavírus destinadas a crianças de 5 a 11 anos. O lote, com 1,2 milhão de doses do imunizante da Pfizer, foi descarregada no Aeroporto de Viracopos, em Campinas (São Paulo).
O lote será distribuído a estados e municípios para iniciar a aplicação, com atraso de um mês após ser autorizada pelos técnicos da Anvisa. A previsão é que o Brasil receba em janeiro um total de 4,3 milhões de doses da vacina. A remessa é a primeira de três que serão enviadas ao país, segundo o Ministério da Saúde (MS).
Demora por ideologia
Na semana passada, o ministério anunciou a inclusão dos imunizantes pediátricos no plano de operacionalização do Programa Nacional de Imunizações (PNI) após uma série de entraves ideológicos colocados contra a proteção infantil pelo ministro, Marcelo Queiroga, alinhado com a posição antivacina do presidente, Jair Bolsonaro (PL). Queiroga, mesmo com a decisão técnica da Anvisa em mãos a respeito da segurança da vacina, instituiu entraves para atrasar propositalmente a vacinação, como a abertura de um questionário inédito em que leigos podiam opinar se é correto ou não imunizar crianças, algo jamais feito com qualquer outra vacina e que absolutamente desnecessário, e um debate em que o MS chamou médicos antivacinas para desestimular a imunização pediátrica, sem a presença da Anvisa, que já havia dado seu parecer técnico e não opinativo. As barreiras para atrasar o PNI infntil tem cunho eleitoreiro e, na prática, não tem qualquer benefício à saúde das crianças.
No ínterim, o presidente Jair Bolsonaro relacionou o pedido da população brasileira pela vacina infantil a um desejo sexual: “não entendo a tara das pessoas pela vacina” e afirmou que há algo suspeito na Anvisa em liberar o grupo de 5 a 11 anos em receber a proteção biológica. Diante da acusação, o contra-almirante da Marinha que presidente a Anvisa, Antônio Barra Torres, publicou uma carta aberta colocando Bolsonaro contra a parede, afirmando: ‘Se o senhor dispõe de informações que levantem o menor indício de corrupção sobre este brasileiro, não perca tempo nem prevarique, Senhor Presidente’. Bolsonaro disse que a carta era agressiva.
Enquanto isso a ômicron avança pelo país e a imunização infantil já poderia ter iniciado há quase um mês. Levantamento da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais afirma que 324 crianças de 5 a 11 anos morreram de Covid-19 no Brasil. Segundo dados do governo de Santa Catarina, já morreram 32 pessoas na faixa de 0 a 9 anos no estado pela doença.
Doses para SC
O esquema vacinal infantil contra o coronavírus será de duas doses, com intervalo de oito semanas entre as aplicações. A vacina é especial e contem 1 terço da quantidade que é injetada em adolescentes e adultos. Quando chegar no estado, nesta sexta-feira (14), às 8h25, será distribuída a alguns municípios, por ser um lote pequeno, e aí divulgada a estratégia de vacinação. Segundo a Dive, SC deve receber 39.800 doses.
Por Lucas Cervenka – reportagem@correiosc.com.br