100% dos leitos de unidades de terapia intensiva para crianças estão lotados nesta segunda-feira (30/5) no sistema público de saúde em Santa Catarina. Há 90 camas disponíveis na rede no momento, com 90 pacientes ocupando-as. O Governo de Santa Catarina afirma que vai aumentar a rede em 90 dias.
As UTIs pediátricas do SUS em SC já vem nas últimas três semanas apresentando um cenário de saturação. Na semana passada a lotação em todo o estado ficou na casa de 97% em média e, em algumas regiões, pequenos pacientes não puderam ser devidamente internados. Segundo o governo estadual há uma alta demanda decorrente de doenças respiratórias que provoca a superlotação.
Ainda na avaliação do poder executivo catarinense grande parte dessas crianças doentes poderiam ser atendidas e tratadas ainda na atenção primárias – os postos de saúde municipais – porém há um cenário de falta de mão de obra qualificada (médicos pediatras) para dar conta da demanda, o que em parte é causado por melhores ofertas de emprego fora das unidades básicas de saúde.
“De acordo com levantamento, foi identificado que 95% da demanda na emergência do Hospital Infantil Joana de Gusmão, na capital, poderia ser suprida com oferta de serviço na saúde básica da Atenção Primária, ou seja, nos postos de saúde. Os municípios não estão conseguindo ofertar até pela dificuldade em contratação de pediatras, que normalmente buscam outras carreiras que remuneram melhor que trabalhar nos postos de saúde. Então iremos ajudar ainda mais os municípios, pois recurso o governo tem. A saúde não é só alta complexidade hospitalar, a Atenção Primária evitaria essa pressão nas emergências públicas e privadas no que diz respeito às doenças respiratórias e virais neste período de inverno”, diz o governador de SC, Carlos Moisés.
Além dessa ajuda, ainda a ser definida, sua gestão anunciou nesta segunda que vai ampliar em 68 leitos de UTIs pediátricas a rede do SUS catarinense, o que levará até 3 meses. Serão 10 hospitais contemplados, para dar conta das demandas regionais. Na Grande Florianópolis o Hospital Infantil Joana de Gusmão e o Regional de São José serão ampliados em 9 e 10 leitos de UTI para crianças, respectivamente.
Segundo Moisés a ampliação é complexa e requer mais do que o espaço: Não é qualquer hospital que pode ter leito de UTI, precisa estar habilitado pelo Ministério da Saúde. Além disso, a maior dificuldade hoje está na contratação de profissionais para colocar em funcionamento leitos de UTI”. A estimativa da Secretaria de Saúde do estado é que em 10 dias os primeiros leitos novos sejam abertos.
Vacina é importante para diminuir demanda
A baixa cobertura vacinal contra a Influenza é também um ponto nevrálgico nesse cenário de saturação das unidades pediátricas. Até agora apenas 31% do público-alvo infantil foi vacinado em Santa Catarina contra a gripe e 66% (primeira dose) contra Covid. A secretaria afirma que busca reforçar a importância da imunização e que esta, além de beneficiar cada indivíduo, resulta em menor demanda nos hospitais, ajudando a evitar a superlotação.
Porém a vacinação infantil foi prejudicada no país por causa de campanhas políticas difamatórias. Teorias conspiratórias de internet ganharam força entre os negacionistas da pandemia de Covid e até agora prejudicam a imunização contra outros vírus. Isso significa que muitas vezes a palavra técnica de profissionais de Saúde é suplantada por suposições. Segundo a SES as campanhas de vacinação serão novamente ampliadas.
Por Lucas Cervenka – reportagem@correiosc.com.br