A prefeitura de Florianópolis e a Polícia Militar de Santa Catarina avaliam de forma positiva o Carnaval 2023 da cidade, em uma edição de retorno após os anos de restrição pela pandemia.
Por conta dos resultados considerados bons na segurança, limpeza e movimentação econômica, o modelo de blocos de ruas com restrições de horários e colocação de gradis deve ser ampliado em mais bairros no ano que vem.
Para o bem ou para o mal, a restrição foi destaque nesse Carnaval da capital catarinense. A Polícia Militar e a prefeitura decidiram fazer uma retirada de foliões dos locais de blocos após os encerramentos e a medida foi considerada polêmica pela tradição da maior festa popular da cultura brasileira em tomar as ruas sem hora para término. A partir da meia-noite, principalmente no entorno da Avenida Hercílio Luz, no Centro, a tropa começava a dispersão das pessoas. Bares que tinham alvarás de funcionamento até 2h também tiveram que fechar antes.
Cabe lembrar que esse procedimento já tem ocorrido ao longo do ano quando há aglomero nessa região do Centro Histórico. A polícia passa com viaturas e homens com cacetetes à mão “estimulando” a saída.
Em Santo Antônio de Lisboa, porém, a medida de dispersão deu errado na primeira noite, de sexta (17). Uma hora após o fim do bloco um grupo de moradores queria passar para acessar o Sambaqui, enquanto foliões ainda permaneciam no entorno do centrinho do bairro. Com o impedimento da passagem houve desentendimento e a partir daí uso da força policial, com bombas de efeito moral, gás de pimenta e alguns apando de cacete, resultando em uma violência desnecessária. Em explicações, Militares repetiram a versão de que um grupo de foliões bêbados teria arremessados objetos primeiro. Um policial foi ferido. A comunidade não gostou. Nos outros dias o bloco se desenrolou a acabou de forma pacífica.
Para o futuro
De acordo com o prefeito de Florianópolis, Topázio Neto, em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (22) de cinzas, o saldo do Carnaval é de uma cidade limpa no dia seguinte, sem registro de violências graves, hotéis cheios no norte da ilha e possibilidade de ampliar o período como um produto turístico do estado para o próximo.
De fato a cidade não teve registro de homicídio, latrocínios ou grandes brigas generalizadas nos blocos desse ano. A possibilidade de a Comcap iniciar logo a limpeza com jateamento das ruas, também por causa de urina, e a grande quantidade de lixo coletado para reciclagem (renda), também é considerada positiva. Como lado negativo houve o aumento no furto de celulares. PM e Polícia Civil não confirmaram a quantidade de ocorrências do tipo.
A prefeitura pretende, para o próximo Carnaval, ampliar a gratuidade do transporte coletivo para o sábado e iniciar mais cedo as preparações com blocos e repasses às escolas de samba, além de considerar a volta dos desfiles das campeãs. Sobre isso, o prefeito disse: “o desfile de uma escola de samba custa R$ 1 milhão. Priorizamos os bairros. Mas para o ano que vem pensamos em ter o desfile das campeãs”. A realização depende de mais fontes de patrocínio (públicas ou privadas) e a articulação com as agremiações.
+ União da Ilha da Magia é campeã do Carnaval de Florianópolis 2023
+ Bloco dos Sujos reuniu mais de 100 mil no Centro
Áreas cercadas
Questionadas se haverá a colocação de cercas (gradis) em áreas públicas de Florianópolis para o próximo Carnaval, a prefeitura e a Polícia Militar responderam que o modelo deve não apenas continuar, como ser ampliado. Confira o que disseram os representantes.
Topázio Neto: Estamos fazendo essa avaliação. Agora vamos levantar todos os pontos positivos, uma avaliação que a gente já fez é: o Carnaval do Centro será um Carnaval só. Hoje a gente tem o carnaval da Hercíli Luz, do Centro-leste e na arena. Talvez no ano que vem isso seja um Carnaval único, não necessariamente uma área única, mas administrada de uma forma única. Alguma programação simultânea em cada um para que a gente possa dividir os públicos. Então, eventualmente, um tipo de artista se apresentando na Hercílio Luz, no Centro-leste, outro no Centro da cidade, para que a gente possa ter uma divisão maior. Então essas avaliações a gente está fazendo. O que a gente viu é que não tivemos nenhum tipo de ocorrência. As pessoas puderam se divertir o quanto quiseram, no mesmo espaço.
Dhiogo Cidral (comandante batalhão do Centro): em 2020 tivemos um homicídio na Hercílio Luz que maculou o Carnaval. A dinâmica de instalação de gradis não é para restringir as pessoas acessarem o espaço, mas sim dar todo o conforto e segurança no acesso. Como a gente faz muitas vezes de entrar num camarote, porque se sente mais seguro, essa é a dinâmica. Então acho que não foge numa programação para o futuro, extensiva de outras áreas colocar gradil.
Por Lucas Cervenka – reportagem@correiosc.com.br