Construção de emissário de esgoto no Saco dos Limões opõe pescadores e Casan

Reunião com a comunidade debateu implantação de emissário terrestre no Saco dos Limões
Reunião com a comunidade debateu implantação de emissário terrestre no Saco dos Limões - Foto: CMF/Divulgação/CSC

A Câmara de Florianópolis realizou uma reunião pública na noite desta quarta-feira (11/10) no bairro Saco dos Limões para discutir com a comunidade as obras de ampliação da rede de esgoto, especificamente a possibilidade de construção de um emissário terrestre no bairro.

Pontos centrais da discussão

Conforme a Casan, o equipamento é necessário no curto prazo para dar o destino correto de uma parte significativa da rede esgoto em região central da ilha. O resultado, em tese, é de um lançamento de 200 litros por segundo de esgoto tratado (98%) limpo na baía. Porém, a preocupação de maricultores e pescadores é que a pouca circulação de água significará em um acúmulo de resíduos na região, afetando ainda mais atividades.

O debate

De acordo com a Casan, em maio as obras de implantação do emissário no Saco dos Limões foram retomadas. Os esgotos dos bairros Itacorubi, Parque São Jorge, Jardim Anchieta e Córrego Grande serão integrados a um conjunto de tubulações – o emissário terrestre – encaminhando para o tratamento na ETE Insular, localizada na cabeceira ponte Pedro Ivo Campos.

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“A posição da Casan é tentar dar uma alternativa, e está seguindo todos os ritos e estudos necessários conforme os órgãos ambientais estão passando. Ainda não foi aprovado esse emissário terrestre. Muito foi falado também do emissário submarino; não foi descartado, na verdade continua, só que como já temos uma grande rede instalada, em uma população grande, precisamos hoje ter uma solução para esse momento e a médio ou longo prazo a gente iria desenvolver o emissário submarino, para conseguir lançar o efluente tratado”, afirmou Felipe Silva, superintendente da Casan.

O presidente da Associação dos Pescadores da Baía Sul, Valdir Carvalho Filho, participou da reunião para garantir que os pescadores da região tivessem seus direitos de questionamento garantidos. “Eu estou nessa causa representando a pesca artesanal da Baía Norte e Sul. É um absurdo a gente se deparar com uma situação dessas, imagina, colocar duzentos litros por segundo numa baía que não tem corrente de água é decretar a maior tragédia ambiental já vista. Não concordamos que isso seja colocado em nenhuma baía. Não sei qual outra alternativa que a Casan vai dar, mas aqui é um absurdo, decretando a morte e o fim da pesca, com toda a certeza”, protestou.

O presidente da Associação dos Moradores do Saco dos Limões, Sandro Mauricio Silveira, considera também que a instalação do emissário na região pode causar uma catástrofe ambiental. “Nós da Amosac, junto com outras inúmeras associações, achamos isso um absurdo, temos vários professores e doutores reconhecidos internacionalmente que deram seus pareceres ao alegar que se fizer isso aqui, vai matar a Baía Sul, acabando com a quinta economia da nossa Ilha de Florianópolis, que é a maricultura. Já temos um emissário que está no Centro, no bairro João Paulo também tem, provando que realmente polui”.

Para a vereadora Manu Vieira, ambas possuem bons argumentos, e, juntas, podem chegar em um consenso. “Estamos vendo o emissário como uma solução muito boa, se considerarmos que é o 3° nível de complexidade de tratamento, de 98% à 99% de água tratada. O argumento dos moradores é muito importante porque não há uma corrente marítima para dispersar esse grande volume de água. Com isso, não teremos certeza dos impactos nas atividades de maricultura. Queremos entender os estudos que a Casan já fez desde 2018 para esse emissário, pois temos certeza de que algo de diferente vai acontecer ali”, destacou a vereadora.

A questão do cultivo de espécies como moluscos e algas também foi levantada pelo presidente da Associação dos Maricultores. Fábio Faria destaca que a maricultura é um papel importante na preservação dos ecossistemas marinhos, além de contribuir para a geração de renda e empregos.

“A gente vê isso como uma ação totalmente equivocada. Um sistema de tratamento, sendo com a maior eficiência, já deixa um percentual muito grande de nutrientes na água. Esses nutrientes vão contaminar tanto a maricultura, como a pesca, a extração de berbigões e todo o mangue da Ponta das Tipitinas”.

Segundo a Câmara de Florianópolis, agora será feito um relatório de todos os questionamentos, dados técnicos e sugestões apresentadas para a solução do saneamento no município para ser encaminhado aos órgãos competentes.

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