Dezessete vereadores da Câmara Municipal de Florianópolis votaram pelo aceite de uma denúncia do conselho de ética e cassaram o mandato do vereador Maikon Costa (PL). A principal acusação é de que Costa teria exigido o repasse de parte do valor do salário de seu suplente, Sargento Mattos (PL), quando esse assumiu a cadeira por um mês em 2023.
A denúncia foi apresentada por Mattos e, no caso de Maikon perder o mandato, é o sargento quem assume. Ele na realidade é o segundo suplente e pode assumir caso o primeiro suplente do PL se mantenha em cargo comissionado atualmente na prefeitura, segundo expôs a advogada de defesa. Nas eleições de 2020, Maikon Costa foi o mais votado no seu partido em Florianópolis, com cerca de 1,7 mil votos. Ele já havia escapado de um processo de cassação em 2019. No ano passado chegou a ser preso por boca de urna em seu reduto eleitoral, o bairro Carianos.
A cassação teve como base uma divergência de Maikon sobre a atuação de Sargento Mattos no período de suplência. Os dois discordaram quanto à condução do mandato e os posicionamentos na CMF. Maikon sempre teve uma oposição praticamente total à administração municipal e Mattos teria sido mais alinhado à gestão, o que teria causado o racha. Um áudio em que Maikon supostamente pede parte do salário de vereador (a prática da “rachadinha”) também foi exposto como prova.
Na tribuna, entre diversas acusações ao estilo “cair, mas cair atirando” e argumentos de defesa, Costa relatou que quando abriu a possibilidade de afastamento para que Mattos assumisse, estava com a esposa com um problema pessoal e a esposa de Mattos também, o que teria sido motivo de um pedido e da ajuda para o correligionário. Porém, as diferenças resultaram em uma denúncia e no processo no conselho de ética, apreciado em plenário nesta segunda-feira.
Maikon argumenta ser perseguido por fazer diversas denúncias de supostas irregularidades. “Todas as denúncias de corrupção que eu trouxe pra essa casa, sem exceção, mais cedo ou mais tarde, viraram fatos, como foi a Presságio, como foi o Propinão”, declarou o agora cassado vereador Maikon Costa. Em suas falas na tribuna fez diversas acusações, principalmente contra a vereadora Pri Fernandes, sobre uma suposta irregularidade em contrato na Dibea.
Os vereadores de oposição, em outro espectro político de Maikon, votaram contra a cassação por considerarem um processo irregular. Votaram contra: Afrânio Boppré (Psol), Manu Vieira (Novo), Cíntia (Psol) e Tânia Ramos (Psol). “Eu tenho uma coleção de coisas que o vereador Maikon fez contra mim, mas hoje não é o dia da vingança”, discursou Afrânio.
Por Lucas Cervenka – reportagem@correiosc.com.br