Quinze pinguins-de-Magalhães retomaram a vida no mar em Florianópolis nesta quinta-feira (12/12), depois de passarem por reabilitação na Associação R3 Animal. Durante a migração anual, os animais encalharam em praias catarinenses, exaustos e afogados. Assim que foram resgatados, eles receberam cuidados veterinários intensivos e recuperaram a saúde.
Com a soltura concluída, a equipe agora monitora os pinguins utilizando rastreadores que transmitem dados via satélite. Esses dispositivos acompanham a jornada dos animais rumo às colônias reprodutivas, localizadas na Patagônia Argentina. Por meio dessa tecnologia, os pesquisadores investigam o tempo de deslocamento, a rota percorrida e a formação de grupos.
Cristiane Kolesnikovas, presidente da R3 Animal, afirmou que o sucesso da operação só será confirmado quando os pinguins alcançarem suas colônias. O uso dos transmissores faz parte do Projeto de Monitoramento de Pinguins-de-Magalhães por Telemetria Satelital (PMPTS), que atende às exigências do Ibama e contribui para a conservação da espécie.
Monitoramento: um aliado à conservação
A equipe instalou transmissores de 18 gramas em cinco pinguins, utilizando fitas impermeáveis que fixam os dispositivos nas penas. Esse procedimento durou apenas 15 minutos e respeitou convenções internacionais. Além disso, o equipamento, que representa de 3% a 5% do peso corporal dos pinguins, não comprometeu a capacidade de mergulho ou o bem-estar dos animais.
Segundo Guilherme Bortolotto, professor de Ecologia Marinha, a instalação garante que os pinguins mantenham a hidrodinâmica natural durante os deslocamentos. Os transmissores operam por até três meses, enviando sinais durante oito horas diárias. Assim, os dados obtidos ajudam os pesquisadores a entender os padrões de movimentação e uso de habitat.
Silvia Gastal, bióloga do PMPTS, explicou que os dispositivos se desprendem sozinhos quando os pinguins trocam as penas. Cada rastreador possui um número de contato, o que facilita a recuperação dos equipamentos para uso futuro.
Os desafios da migração
Durante o outono e o inverno, os pinguins-de-Magalhães deixam a Patagônia em busca de águas mais quentes e alimento abundante. Contudo, muitos jovens se perdem durante a migração e encalham exaustos, afogados ou hipotérmicos. Além disso, problemas como a poluição e redes de pesca aumentam os riscos para a espécie.
Em 2024, as praias de Florianópolis registraram 2.710 pinguins, mas apenas 5% chegaram vivos aos resgates. A R3 Animal tratou 73 desses animais, garantindo que eles recebessem hidratação, alimentação e treinamento físico até estarem aptos a retornar ao mar.
O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), coordenado pelo Ibama, viabiliza o resgate e a reabilitação da fauna marinha. Por sua vez, o PMPTS, desenvolvido pela Perenco e pela Universidade Federal do Rio Grande, complementa essas ações com estudos avançados sobre a migração dos pinguins.