Eclipse e ciclone influenciaram na “super” maré alta do fim de semana

    Nível do mar na tarde de 4 de julho de 2019 foi a segunda maior marca registrada em oito anos de monitoramento em Florianópolis

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    SC 405, em Florianópolis, foi umas das vias mais afetadas pela maré alta desses últimos dias - Foto: Divulgação/CSC

    A maré alta que varreu boa parte do litoral catarinense neste último fim de semana foi influenciada por fenômenos meteorológicos e astronômicos extraordinários. É o que aponta um boletim da Epagri nesta segunda-feira (8/7).

    Exatamente 24 horas após o eclipse lunar sul-americano da última quarta-feira (3), a população do litoral catarinense começou a se deparar com a maré alta, tratado também como “super maré” ou “king tide”, termo usado pelos cientistas australianos e americanos para designar as maiores marés do ano. Segundo a Epagri, a proximidade com a ocorrência do eclipse não é por acaso. Perfeitamente alinhados, sol e lua potencializaram a força da gravidade exercida sobre os oceanos. O efeito se fez sentir em todos os mares do mundo, especialmente no hemisfério Sul.

    Ainda na a terça-feira (2), a lua entrou na fase de lua nova, que, assim como a lua cheia, amplia regularmente o efeito das marés. Esses dois elementos, eclipse e lua nova, já indicavam uma maré alta fora da média para os dias 3 a 7 de julho.

    Além da lua, um ciclone
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    Mas foi um terceiro elemento que potencializou a altura máxima do nível do mar na quinta-feira (4). Conforme os meteorologistas, no dia anterior o litoral sul brasileiro passou a sofrer a influência de um ciclone extratropical originado entre a costa da Argentina. O ciclone originou ventos do quadrante sul de forte intensidade e persistentes, que no Brasil produzem um “empilhamento” da camada superficial do mar na costa.

    Ao meio-dia de quinta-feira (4), o nível do mar em Florianópolis se encontrava em 80,5 cm (base DHN – Marinha do Brasil). A previsão (tábua da maré) indicava um nível máximo de 99 cm para as 16 horas. Às 15h55, o marégrafo da Epagri/Ciram no Sul da Ilha registrou 163,5cm. “Silenciosamente, as forças conjuntas do sol, da lua, e o vento sul ‘empurraram’ o nível do mar 64cm acima do nível máximo previsto”, conta Matias Boll, pesquisador da Epagri/Ciram. Ruas encheram, estacionamentos alagaram e ranchos de pesca foram inundados.

    No parque de Coqueiros, em Florianópolis, por volta das 16h30 trabalhadores montavam as estruturas para receber um público aproximado de 5 mil pessoas num evento, quando o local ficou completamente alagado. Balneário Camboriú, Itajaí e Joinville também registraram alagamentos. Em Joinville, a maré subiu 153,3cm entre o meio dia e as 17h30, chegando a 257,4 cm. Em Balneário Camboriú, as águas subiram exatamente 100,3cm entre meio-dia e 15h45, chegando a 175,3 cm.

    Monitoramento costeiro

    A Epagri/Ciram dispõe de um setor dedicado ao monitoramento costeiro de Santa Catarina. Ao longo de cinco anos foram instaladas 11 estações maregráficas entre Passo de Torres, na divisa com o Rio Grande do Sul, e Itapoá, na divisa com o Paraná. Essas estações apresentam a previsão e o nível do mar medido a cada 15 minutos em tempo real para qualquer dispositivo no planeta. “Em oito anos de monitoramento do mar em Florianópolis, o nível do mar registrado na tarde de 4 de julho de 2019 foi a segunda maior marca que registramos, perdendo apenas para outubro de 2016, quando foi registrado um nível do mar de 176,8 cm na Caieira da Barra do Sul, em Florianópolis”, informa Matias.

    Acompanhe o nível do mar na costa catarinense em tempo real neste link.

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