“Juntas de dilatação, também conhecidas como juntas de movimento, são dispositivos criados para absorver a variação volumétrica dos materiais, e também usadas para mitigar os efeitos da vibração e movimentações inerentes à cada tipo de estrutura”.
Em 9 de abril de 2018 uma junta de dilatação da ponte Pedro Ivo Campos começou a fazer um barulho anormal toda vez que um veículo passava por cima. À época não foi dada muita importância e o governo estadual argumentou que aguardava as idas e vindas no Tribunal de Contas do Estado do edital para manutenção e reforma das estruturas das pontes de ligação ilha-continente, em Florianópolis.
Em fevereiro de 2019 uma dessas juntas deu problema na ponte Pedro Ivo. A barra de aço quebrou, saiu do lugar e foi o maior caos, com duas das quatro pistas fechadas em uma quarta-feira à noite. Houve reação. O governo estadual fechou contrato para fazer de fato a manutenção. Outros órgãos pediram respostas, como a Câmara de Florianópolis, que chamou o secretário de estado de infraestrutura para dar explicações.
Sábado passado (6/7), idem: quebrou a junta, saiu do lugar, trânsito pra entrar na ilha quase parado. A diferença é que a obra de reforma das pontes já iniciou, pelo menos em teoria. Apesar dos 30 anos praticamente sem manutenção, sobrou a culpa pra empresa que toca a reforma com uma multa imposta pela Secretaria de Infraestrutura e Mobilidade, afinal já há atraso no cronograma de execuções.
Ação dos órgãos
Agora, mais do que em janeiro, mais órgãos e poderes se posicionaram para tentar evitar um novo problema. O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) requereu a realização de perícia judicial nas estruturas, e o Tribunal de Contas de Santa Catarina fez por si próprio uma inspeção nesta terça e quarta-feira (10/7). O deputado estadual João Amin também aproveitou o “trending topic” local da junta de dilatação e pediu explicações sobre o que foi feito desde fevereiro, quando ocorreu a primeira quebra.
Em veiculação à imprensa, o presidente do TCE/SC, conselheiro Adircélio de Moraes Ferreira Júnior, rebateu as críticas sobre a transferência de responsabilidade para a morosidade nas obras de manutenção. Para ele, as ações de controle do Tribunal são proativas, como as duas sustações do edital para supervisão da reforma para “resguardar a lisura dos procedimentos e, consequentemente, para que as Administrações obtenham a proposta mais vantajosa”, como diz o posicionamento do tribunal.
Para o presidente do TCE/SC o início da execução do contrato de manutenção das pontes foi mais impactado pela insuficiência de corpo técnico da própria Secretaria do que pelas alterações nos editais exigidas pela corte. “Os erros eram conhecidos pelos responsáveis e, mesmo assim, reiteraram as incorreções que levaram ao questionamento do novo edital e ao atraso da contratação”, diz Adircélio.
Na segunda-feira (8/7), o promotor do MPSC Daniel Paladino, ao peticionar o pedido de perícia judicial, aponto a inexistência de um plano de ação dos órgãos competentes para casos como o que ocorreu no sábado, quando houve falta de material básico de reposição, como porcas e parafusos, retardando a solução do problema e gerando largos congestionamentos, principalmente na parte continental.
Quanto a isso, o secretário adjunto de Estado da Infraestrutura e Mobilidade (SIE), Thiago Vieira, explicou em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira (10), que há um plano de monitoramento para as pontes Pedro Ivo Campos e Colombo Machado Salles, com previsão de pronta resposta em caso de intercorrências nas estruturas.
“Previmos essa manutenção preventiva para avaliar a estabilidade e possível reforço de soldagem do passadiço e também vistoriar as demais juntas metálicas da estrutura. E essas intervenções serão feitas periodicamente para que a solução paliativa não volte a dar problema”, esclareceu Vieira.
Agora a secretaria vai deixar equipes 24h de prontidão para atender possíveis novas ocorrências, enquanto não chegam os parafusos específicos para prender as juntas de dilatação.