A Eletrosul foi tema de discussão nesta segunda-feira (13/5) tanto na Assembleia Legislativa, quanto na Casa D’Agronômica, residência do governador. A questão central: impedir que a empresa seja incorporada pela Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE), do Rio Grande do Sul.
Ambas são subsidiárias do sistema Eletrobras. Porém, a Eletrosul é uma empresa muito maior em número de funcionários, geração de energia e transmissão, além do lucro — é superavitária, ao contrário da CGTEE, que há anos registra prejuízos em suas operações.
A reestruturação, que funde a Eletrosul ao comando da CGTEE, foi aprovada em 2017 pelo Conselho de Administração da Eletrobras. Uma das consequências é que a matriz da nova empresa será instalada em Candiota (RS), município na região da fronteira do Brasil com o Uruguai, a 420 km de Porto Alegre, o que significa a perda de empregos em Florianópolis, sede da Eletrosul.
Fusão ao contrário
Na Alesc, o encontro desta segunda reuniu deputados federais e estaduais, senadores e representantes das empresas. Ficou definido que será marcada uma audiência com o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), para tentar reverter o processo, previsto para ser concluído até o início de julho.
A principal crítica de todos os políticos catarinenses é o formato da fusão: deveria ser um movimento inverso.
“Por que a maior empresa é incorporada à menor? Não deveria ser o contrário? Como fica a situação de 1,3 mil funcionários, dos quais 600 em Florianópolis?”, questionou a deputada Luciane Carminatti (PT), coordenadora da frente parlamentar e proponente da audiência pública na assembleia.
“Já está tudo ajeitado, amarrado, para a Eletrosul desaparecer,” protestou o senador Jorginho Mello (PR), para quem a CGTEE é uma empresa “de fundo de quintal”.
“Para nós, a Eletrosul é intocável. Já fiz contato com a bancada do Paraná e do Mato Grosso do Sul para juntos defendermos a permanência da empresa em Santa Catarina, bem como a manutenção da sua autonomia. Que a Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica, situada no Rio Grande do Sul, seja incorporada”, disse o deputado federal Hélio Costa (PRB).
Impactos desconhecidos
Outro ponto abordado foi a escassez de informações. “O grande questionamento é a falta de transparência na condução do processo. Não se tem informações, não se tem clareza da motivação da incorporação da Eletrosul pela CGTEE. A Eletrosul é empresa muitas vezes maior, muito mais lucrativa e com patrimônio muito maior, com mais funcionários”, disse o coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Energia Elétrica de Florianópolis (Sinergia), Eduardo Clasen Back. “Além dos empregos, tem a questão tributária; não estão claros os impactos para o Estado, para a sociedade, para a Grande Florianópolis, deste processo. Porque a direção da empresa está se posicionando como se estivesse tratando de empresa privada – e a Eletrosul é pública e tem que ser tratada como tal”, alertou Back.
Governador também é contra a fusão
Do mesmo modo tentará o governador, Carlos Moisés (PSL), reverter a fusão e impedir a saída da empresa de Florianópolis. “Essa é uma posição unânime, porque queremos que a empresa continue gerando empregos e bons resultados a Santa Catarina”, frisou Moisés, que assinou um ofício se manifestando de forma contrária à fusão. O documento será entregue ao presidente da República.
A reunião também serviu para que o governador e parlamentares catarinense debatessem as pautas de interesse do estado no Congresso Nacional e no Governo Federal, como as medidas de auxílio aos estados e a contrariedade à Medida Provisória 868/2018, que privatizará os serviços de saneamento.