RESÍDUOS SÓLIDOS
O Correio de Santa Catarina publica três reportagens a respeito da questão de resíduos sólidos na Grande Florianópolis: a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a reciclagem e o aterro sanitário de Biguaçu.
A Grande Florianópolis dispõe de cerca de 11 cooperativas de recicladores, que recebem das coletas seletivas municipais os materiais separados nas residências. O número é maior, uma vez que essa é a quantidade de “triadores” (aqueles que fazem a triagem do resíduo encaminhado à reciclagem) que atuam junto às prefeituras.
Muitos outros atuam informalmente. Nos dias de coleta seletiva em Florianópolis, Palhoça e São José, por exemplo, é comum ver nas ruas diferentes tipos de veículos fazendo uma coleta “informal” do lixo nas casas. Passam recolhendo o que lhes interessa financeiramente para venda no mercado da reciclagem.
Cenário da capital
Em Florianópolis, a coleta de recicláveis pela Comcap aumentou 13,47% em 2019, em contraste com a coleta convencional (rejeito) que estacionou em zero por cento, interrompendo a tendência de alta entre 3% e 6% das últimas décadas.
“Os dados demonstram que o cidadão tem participado do esforço Floripa Lixo Zero 2030 proposto pela Prefeitura de Florianópolis”, aponta o presidente daAutarquia de Melhoramentos da Capital Comcap, Márcio Alves. Os ganhos com a coleta seletiva somam R$ 8 milhões ao ano entre o que a Prefeitura de Florianópolis deixa de gastar com aterro sanitário e a renda proporcionada para as 11 associações de triadores da Grande Florianópolis.
A coleta seletiva de recicláveis secos e orgânicos da Comcap movimentou 17.575 toneladas de resíduos em 2019. Em 2018, foram 15.489 toneladas. “Mais importante é que esse aumento na seletiva ocorreu ao mesmo tempo em que a convencional estacionou. Significa que o usuário do sistema atendeu ao apelo para separar mais e melhor”, diz o presidente.
Nesse carnaval de 2020, houve grande repercussão a respeito do lixo jogado nas ruas da capital após as festas públicas. Dados da Comcap mostram que foram recolhidas 160 toneladas de resíduos no período, grande parte sem possibilidade de reciclagem, pois, uma vez que os rejeitos são atirados ao chão ou colocados em lixeiras erradas, inviabilizam a separação. São, então, destinados ao aterro sanitário de Biguaçu.
Foco no vidro e no orgânico
O aumento da coleta seletiva, explica Alves, decorre do foco da autarquia em investir na coleta de vidro, por meio de pontos de entrega voluntária (PEV), e na coleta de orgânicos. Segundo a companhia, a coleta exclusiva de vidro por entrega voluntária aumentou 19% e a compostagem de orgânicos aumentou 135% em 2019. Foram processadas 1,4 mil toneladas de restos de alimentos no centro da Comcap no Itacorubi, em parceria com Associação Orgânica, e trituradas 2,6 mil toneladas de podas. Este ano, a prefeitura da capital prevê investimento em cerca de R$ 8 milhões para implantação e ampliação dessas modalidades.
Cenário em São José
Em São José, os resíduos disponibilizados pelos munícipes não são separados por tipo de material. A triagem desses materiais são realizadas nas associações que recebem o material coletado (Plasani, AMR, e Acarelli). De acordo com a empresa Ambiental, que detém a concessão de coleta de lixo na cidade, em de janeiro de 2020 foram coletados 5.755,06 toneladas de resíduos domiciliares sólidos em São José e 382,54 toneladas de resíduos sólidos domiciliares recicláveis, resultando num percentual de 6,65%. Em dezembro do ano passado, 13 dos 19 setores que tinham coleta uma vez por semana passaram a ter duas vezes por semana.
Após o acordo de retomada do contrato de concessão do lixo em São José, ocorrido 4 de setembro de 2019, o serviço começou a passar por melhorias. Antes, a judicialização do contrato impedia a prefeitura de fazer exigências à companhia. Entre essas melhorias, a Ambiental prevê para 2020 a instalação de dois Ecopontos (locais para entrega voluntária de resíduos sólidos domiciliares recicláveis) e a distribuição de guias de usuário, com instruções sobre tipos de resíduos, acondicionamento, disponibilização adequada e cuidados necessários à coleta.
Os recicláveis (em geral)
Cartilhas produzidas por entidades, empresas e governos orientam (com algum consenso) sobre o que é ou não reciclável. São quatro eixos de reciclagem: metal, vidro, papel e plástico.
Metal: latas de alimentos e bebidas; tampinhas; arames; pregos; fios; objetos de cobre; alumínio; bronze; ferro; chumbo; zinco.
Vidro: garrafas; potes; jarros; vidros de conserva; vidros de produtos de limpeza; frascos em geral.
Papel: jornais; listas telefônicas; folhetos; revistas; folhas de rascunho; cadernos; papéis de embrulho; caixas de papelão; caixas de leite e sucos.
Plástico: garrafas plásticas; tubos; canos; potes de creme; frascos de xampu; baldes; bacias; brinquedos; saquinhos de leite; embalagens laminadas.
Os não recicláveis: embalagens de aerossóis; esponjas de aço; latas de material misto; cristais, lâmpadas fluorescentes, espelhos, cerâmicas, tubos de tv, porcelanas, carbono, guardanapos, celofane, adesivos, fotografias, papel higiênico, tomadas, cabos de panela, embalagens laminadas de alimentos.
Por Lucas Cervenka
Redação Correio SC
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