Liziane Nazari Ponchio é mãe das gêmeas bivitelinas Laís e Lívia. As meninas nasceram com apenas 33 semanas e três dias de gestação porque a mãe desenvolveu pré-eclâmpsia na gestação, ou seja, foi diagnosticada com alterações na pressão arterial, situação esta que acarreta prejuízos ao desenvolvimento dos bebês. Com isso, o nascimento das meninas foi antecipado com cesárea.
Após o parto, a mãe e as meninas ficaram internadas na UTI pelo período de 22 dias. Lívia nasceu com 1, 996 quilos e a Laís com 1, 980 quilos. Desde o início de setembro, as gêmeas são atendidas na Policlínica de Forquilhinha por uma nutricionista. Elas recebem fórmula de Nestogeno, para que consigam alcançar o peso adequado para garantir o pleno desenvolvimento. “Fomos muito bem recebidas no posto; as meninas estão sendo bem cuidadas e serão atendidas aqui até completarem seis meses”, comenta Liziane.
Os recém nascidos prematuros passam por algumas etapas até estarem completamente desenvolvidos: desde a UTI até a alta médica ao acompanhamento multidisciplinar as Unidades Básicas de Saúde. De acordo com os especialistas, o momento em que a criança recebe alta é o que requer de mais atenção, já que a criança não estará mais sendo 24h assistida passando por um período de adaptação com a família.
Assim como Lívia e Laís, os bebê prematuros precisam de cuidados especiais. Nesse sentido, a Campanha Novembro Roxo vem intensificando as estratégias de cuidado aos bebês pré-termo (prematuros) no Município. Nesta semana (24) foi a vez da qualificação dos profissionais, por meio de palestra na Associação de Municípios da Grande Florianópolis (Granfpolis), com a participação da neonatologista e intensivista pediátrica Daniele Blanco e da fisioterapeuta especialista em pediatria e neonatologia Rita de Cássia Pires.
A neonatologista abordou o tema “As Particularidades no Atendimento do Bebê Prematuro”. Explicou que, apesar da queda da mortalidade no período de nascimento, o desafio é reduzir os riscos de comorbidades, como problemas de neurodesenvolvimento, respiratórios, gastrointestinais etc. Por isso, destacou a importância do atendimento especializado ao pré-termo, para que seja feito o diagnóstico precoce. “Atualmente os prematuros estão sendo acompanhados pelas Unidades Básicas de Saúde por médicos e enfermeiros. É uma responsabilidade de todos nós avaliarmos e detectarmos problemas de saúde nestes bebês”, destacou Daniela.
O esquema recomendado para a primeira consulta do pré-termo é de sete a 10 dias após a alta hospitalar; depois revisões mensais até seis meses de idade corrigida; revisões bimestrais ou trimestrais entre seis e doze meses; depois trimestrais até dois anos e trimestrais até os quatro anos. A idade corrigida é a idade cronológica que a criança nasceu, menos as semanas que faltam para completar as 40 semanas de gestação.
Ainda sobre a idade corrigida é necessário compreender que, apesar do neném já ter nascido, não pode ser ‘emancipado’. “Não se pode esperar que um bebezinho com seis meses de nascimento prematuro já saiba ‘sentar’, pois ele nasceu dois meses antes. Precisamos pensar nos marcos de desenvolvimento de uma criança de quatro meses”, explica Daniele Blanco.
O preenchimento da caderneta do recém nascido também merece considerações especiais. Não se deve confundir a idade gestacional (tempo que ficou no útero da mãe) com a idade cronológica (o nascimento antecipado). Caso preencha “sem querer”, o peso na opção cronológica, o bebê ficará sempre abaixo da curva de acompanhamento. Os especialistas recomendam a importância das informações corretas de maneira a encontrar possíveis problemas de saúde e garantir um “tempo maior” para que a criança possa se recuperar.
Motivos para a prematuridade
De acordo com a neonatologista, as possíveis causas da prematuridade podem estar associadas a motivos físicos não previsíveis; muitos relacionados à própria mãe (como o diabetes), infecções, como a urinária, doenças sexualmente transmissíveis, a sífilis etc . Segundo a especialista, a infecção urinária é uma das maiores causas para desencadear o parto prematuro, pois na gestante ela se torna assintomática, sendo chamada de “bacteriúria assintomática”. Por isso, a importância da mãe realizar o pré-natal, uma forma de prevenir o parto prematuro.
Fisioterapia para bebês prematuros
A fisioterapeuta especialista em pediatria e neonatologia Rita de Cássia Pires palestrou sobre “As Particularidades do Atendimento Fisioterapêutico voltados ao Bebê Prematuro”. Segundo ela, o recém nascido é acompanhado desde o nascimento até receber alta. Para o caso, são usados equipamentos e técnicas da neonatologia, restaurando funções e estimulando o desenvolvimento.
Rita destaca a importância do trabalho do fisioterapeuta ser alinhado com uma equipe multidisciplinar, incluindo também o pediatra e os pais, pois são eles que farão as sequências em casa. O atendimento do fisioterapeuta é feito em um ambiente lúdico, para que a criança se sinta confortável, trabalhando estruturas delicadas do neném, como pulmões e ossos.