O jornalista Belmiro Celso Sauthier faleceu neste domingo (21/6), aos 81 anos. Ele é o fundador e até recentemente o editor-chefe do jornal Correio de Santa Catarina, que estreou a circulação em 19 de março de 2000, no aniversário de São José, cidade-sede da redação.
Belmiro atuou até outubro de 2019, na edição impressa do Correio de número 871. Nesse domingo, por volta das 15h, Belmiro Sauthier estava em casa, em Florianópolis, com a esposa e o filho, quando teve uma parada cardiorrespiratória.
Bel, como era conhecido, deixa esposa, filho, neta, nora e dois irmãos, entre muitos parentes, amigos e colegas.
Quase seis décadas de jornalismo
Belmiro nasceu em Montenegro (RS) em 15 de novembro de 1938. Formado em Direito pela PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), em Porto Alegre, optou pelo jornalismo, função que exerceu desde o início da década de 60.
O pontapé inicial de Belmiro Sauthier no jornalismo foi na Rádio Itaí, uma emissora de pequeno porte em Porto Alegre, onde era redator de notícias. Pouco tempo depois foi para a Rádio Gaúcha, na editoria de esportes. Nesse período, o dono do jornal Última Hora, Samuel Wainer, abriu uma sucursal em Porto Alegre, como já fizera em São Paulo, Belo Horizonte, Recife e outras capitais, além do Rio de Janeiro, onde o jornal nasceu na era do governo Getúlio Vargas, a partir de 1950. Samuel Wainer promoveu uma espécie de vestibular para selecionar a equipe – em todas as áreas – que iria tocar o jornal no Rio Grande do Sul, mais centrado em Porto Alegre. Assim, Belmiro entrou no time.
A Última Hora foi desativada em Porto Alegre em 1964, logo depois do golpe militar que derrubou o presidente João Goulart, o Jango, cujo governo apoiava. O prédio do jornal, bem no coração da capital gaúcha, foi várias vezes metralhado, de madrugada. Depois de dois meses, o jornal ressurgiu com o nome de Zero Hora.
Em 1967, depois que ganhou o Prêmio Esso Regional (foi o primeiro em edição ampliada do Prêmio Esso Nacional, então o maior na área de mídia impressa do país), foi convidado para trabalhar no Jornal da Tarde, da empresa S.A. O Estado de São Paulo, em São Paulo (capital), que edita até hoje o jornal O Estado de S. Paulo, o Estadão.
No Jornal da Tarde, que se transformou em um ícone entre os jornais do país, trabalhou em várias editorias – economia, política e esporte – durante 19 anos. Cobriu três Copas do Mundo (70, 74 e 78). Ganhou o Prêmio Esso por equipe em 1986, ano em que foi convidado para trabalhar no Diário Catarinense como subeditor chefe da Redação, fundado em maio daquele ano, em Florianópolis.
Do Diário foi, também a convite, para o Jornal Indústria e Comércio, como diretor de Redação da sucursal em Florianópolis. A sede do jornal era Curitiba. Deixou esse jornal ao aceitar convite para ser diretor de Redação do jornal O Estado, na SC 401.
Saiu definitivamente de um jornal diário e decidiu fundar o jornal Correio de Santa Catarina, com sede em São José, inicialmente quinzenal e posteriormente, até hoje, semanal, o qual dirigiu por 19 anos. Pelo trabalho realizado na cidade, recebeu o título de cidadão honorário de São José em 2018.