Com isolamento, crimes violentos caem em SC, enquanto golpes virtuais aumentam

    Índices de Santa Catarina mostram redução contínua dos crimes violentos e migração para o estelionato virtual no período de pandemia

    Com isolamento, crimes violentos caem em SC, enquanto golpes virtuais aumentam
    Contexto de isolamento social reduziu os crimes presenciais e aumentou os virtuais em SC - Maurício Vieira/Secom SC/Divulgação/CSC

    O Colegiado Superior de Segurança Pública de Santa Catarina apresentou nesta segunda-feira (17/1) o resultado do trabalho na área nos últimos anos, demonstrando uma redução geral nos índices de criminalidade em todo estado a partir de 2018, após um pico de violência provocado principalmente por facções entre 2015 e 2017. Como movimento complementar, durante os períodos mais intensos de isolamento social houve uma migração da criminalidade para o meio virtual, com aumento próximo a 3 vezes na quantidade de golpes.

    Conforme o presidente do colegiado, Giovani Eduardo Adriano, da Polícia Científica (antigo IGP), “a existência do colegiado mudou e melhorou a segurança pública como um todo no estado”. Os dados mostram que de fato Santa Catarina consegue apresentar resultados de redução contínua dos índices a partir da integração nesse modelo criado pelo governo do estado em 2019.

    No contexto da pandemia, de 2020 para 21 a maioria dos índices de crimes “de rua” caiu, como furtos, roubos, homicídios, latrocínios, roubos de carros, mortes em confrontos policiais, além de feminicídios. O índice de mortes violentas teve redução de 36% de 2017 para o ano passado, por exemplo. Em relação aos homicídios, a queda foi de 8,7% no índice proporcional de 20 para 21, período em que os roubos caíram 2,7% e os roubos e furtos a veículos diminuíram 2,2%.

    integrantes do colegiado superior de segurança pública de sc explicam os índices de criminalidade
    Integrantes do Colegiado Superior de Segurança Pública de SC explicam os índices de criminalidade: “desafio é evitar patamar pré-pandemia” – Julio Cavalheiro/Secom SC
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    Segundo os integrantes do colegiado, representantes das polícias Civil, Científica e Militar e Bombeiros, é a integração entre as forças que permitiu uma melhora no quadro geral de segurança. Outros fatores, além da integração e isolamento social, podem ser apontados como contribuintes para redução da criminalidade. Depois dos picos de violência em 16 e 17 houve uma redução no confronto entre as facções criminosas pela disputa do tráfico, fonte de diversos crimes e assassinatos, assim como centenas de faccionados foram presos nos últimos anos.

    Pandemia: aumento nos golpes virtuais

    Ao mesmo tempo, porém, como explicou o gerente de estatística Davi Novello, há um debate se o período de pandemia é comparável com os anos anteriores. “Nesse tempo a criminalidade também reduziu porque as pessoas estavam mais em casa resguardando seu patrimônio, havia menos comércios abertos, menos carros e pessoas circulando na rua, o que evitou crimes como roubo, latrocínio e furto”, explicou o especialista na apresentação dos dados.

    Durante a pandemia, com a queda geral dos índices, houve uma migração da criminalidade para o estelionato virtual. Segundo os dados do colegiado, a partir de 2019 o índice já subia sensivelmente e, com o isolamento social, explodiram em 2020 e 21, com aumento relativo de 41%. O último ano chegou 52,3 mil ocorrências de golpes virtuais registrados em Santa Catarina. O presidente do colegiado destacou que a melhor forma de reduzir a quantidade de golpes virtuais é com prevenção e conscientização das pessoas sobre segurança online, assim como a criação de um grupo especializado na área: “Nós estamos para criar um setor específico para trabalhar a questão de informática forense. Para isso estamos trabalhando na autorização do governo para nomeação de mais um grupo de servidores especialistas nessa área”, disse o diretor de perícia estadual.

    “A questão dos crimes virtuais é pela facilidade dos meios de comunicação. Cabe a nós estarmos sempre atrás daqueles que praticam delitos. Num primeiro momento é importante informar as pessoas para que não dêem confiança aos estelionatários”, disse o delegado-geral, Marcos Ghizoni.

    Outro índice que apresentou crescimento nos últimos 12 meses foi a violência doméstica, com alta de 6%. Os feminicídios chegaram a 55 no ano passado. Segundo a análise, 45% dos casos se trataram de assassinato em um relacionamento até então vigente e 84% dos autores já tinham passagens policiais.

    Agora, em um cenário de retração do isolamento social e retomada de diversas atividades há uma tendência de alta nos crimes para um patamar pré-pandemia, com alta mensal em índices de roubo e furto. “O ano de 2022 será cheio de desafios, pois teremos um aumento da circulação de pessoas, o que consequentemente pode levar a mais crimes. Porém, o nosso colegiado segue com o propósito de reduzir todos os índices possíveis. Também estamos focando muito no combate aos crimes virtuais, que vêm crescendo nos últimos anos”, disse Adriano.

    Índices de criminalidade em Santa Catarina

    R$ 2,8 bilhões evitados em prejuízo

    Como complemento à segurança pública, o comandante-geral dos Bombeiros Militares, coronel Marcos Aurélio Barcelos, trouxe o dado de que a corporação evitou que milhares de bens fossem queimados nas ocorrências de incêndio devido à resposta rápida dos batalhões diante das 10 mil ocorrências do tipo no ano passado. Em cálculo do CBM, os bens que estiveram sob o perigo de pegar fogo caso as chamas não fossem extintas somam R$2,8 bilhões, cujo prejuízo foi evitado.

    Por Lucas Cervenka – reportagem@correiosc.com.br

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