A acareação entre o ex-secretário de da Saúde Helton Zeferino, a servidora Marcia Pauli e o ex-chefe da Casa Civil Douglas Borba durou mais de seis horas nessa terça-feira (9/6) e não foi tão esclarecedora. Afinal quem autorizou a compra dos 200 respiradores com a empresa Veigamed ao custo de R$ 33 milhões?
Essa era a maior dúvida dos deputados que integram a CPI dos Respiradores, na Alesc. Outra foi esclarecer a pressão de Borba sobre a pasta da saúde para escolha de empresa, através de um advogado, Leandro Barros, preso assim como o ex-secretário no último sábado na segunda fase da Operação Oxigênio.
Borba nega que tenha feito pressão, nega ter amizade com Barros, nega conhecer Fábio Guasti, o representante da Veigamed, e qualquer outra irregularidade. Mas, para os deputados, a atuação de Borba no caso não contém dúvidas. O que queriam saber nesse confronto de versões entre as três pessoas é quem, na secretaria de saúde, “apertou o botão” para transferir os R$ 33 milhões dos catarinenses para uma empresa que tem sede em um bordel no Rio de Janeiro.
Em geral, durante as manifestações nessa terça, as testemunhas mantiveram o que haviam dito à CPI na semana passada. Helton Zeferino e Marcia Pauli não assumiram responsabilidade pelo pagamento antecipado dos R$ 33 milhões. Também não declararam literalmente de quem seria a culpa por esse procedimento.
O ex-secretário reiterou que não autorizou o pagamento e falou em fraude em várias oportunidades, ao dizer que as notas fiscais para o pagamento à Veigamed foram emitidas como se os respiradores já tivessem sido entregues, com a assinatura de Marcia Pauli. “Não tem assinatura minha, não tem despacho meu [para o pagamento]”, afirmou o ex-secretário.
Já a servidora, em mais de uma ocasião, afirmou que Zeferino estava “faltando com a verdade”. Ela bateu na tecla que o fato de ter assinado as notas não configurava autorização para o pagamento das mesmas.
A escolha da Veigamed
A decisão pela compra dos respiradores que nunca foram entregues também foi tema de questionamento pelos deputados. Marcia Pauli reafirmou que a decisão partiu de Helton Zeferino. Ele, por sua vez, afirmou que havia negociado com uma empresa chamada Brazilian Trade mas que, no dia seguinte, foi trocada, sem o seu consentimento, pela Veigamed. Em comum entre as duas empresas, o representante delas: Fábio Guasti.
Já Borba reafirmou que não teve nenhuma participação na escolha da Veigamed. Ele afirmou que não trocou nenhuma mensagem com Marcia entre os dias 25 de março e 1 de abril, período em que a compra dos respiradores foi fechada. A servidora, no entanto, afirmou que houve, sim, que Borba entrou em contato com ela nesse período.
Governador Moisés
Helton Zeferino afirmou que no dia 15 de abril, diante do não envio dos respiradores, foi até a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) para informar sobre o ocorrido. Foi nesse dia que, segundo ele, o governador Carlos Moisés da Silva (PSL) foi informado, pela primeira vez, sobre o problema.
Já Douglas Borba reafirmou que só ficou sabendo do problema no dia 22, em uma reunião da qual participaram Zeferino e o governador. Os deputados consideraram estranho o fato do então chefe da Casa Civil só saber da questão sete dias depois que Moisés já havia sido comunicado.
Antes da acareação, os deputados da CPI dos Respiradores aprovaram uma oitiva de Moisés à comissão para dar sua versão sobre o episódio.
Nova reunião
A CPI dos Respiradores volta a se reunir na próxima terça-feira (17). A comissão vai ouvir mais servidores envolvidos no processo de pagamento antecipado pelos 200 respiradores.