Deputados tentam diminuir tarifa e futuras praças de pedágio na BR 101 sul

carros passando na rodovia que se estende ao longo da imagem
Parlamentares reclamam do projeto de concessão da BR 101 no sul de SC, que prevê quatro pedágios muitos próximos e tarifas altas - Reprodução/CSC

A concessão do trecho sul da BR 101 em Santa Catarina está colocando em sintonia os discursos de deputados estaduais e federais. Os pronunciamentos na Alesc nesta terça-feira (15/10) foram de muitas críticas contra o modelo de concessão previsto pela ANTT e governo federal.

O projeto da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANNT), que já tem andamento há pelo menos dois anos, é de conceder o trecho entre Paulo Lopes e São João do Sul, totalizando 220,4 quilômetros. O leilão está previsto para o primeiro trimestre de 2020, com critério principal de escolha pelo menor valor da tarifa. A empresa vencedora deverá investir R$ 2,9 bilhões e terá concessão da principal rota de ligação norte-sul do estado pelo litoral por 30 anos.

O problema é que a quantidade de praças de pedágio previstas (quatro) e o preço das tarifas (mais de R$ 4) estão deixando os parlamentares catarinenses insatisfeitos com o governo federal. As praças são planejadas atualmente para alocação em São João do Sul, Araranguá, Tubarão e Laguna – ou seja, muito próximas e dentro de perímetros urbanos.

Manifestações na Alesc
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Os deputados estaduais propõem mobilizações, abaixo-assinado e há inclusive um protesto marcado para esse sábado (19), às 9h, para fechar a BR 101 em Laguna contra a concessão da rodovia.

“Serão quatro praças com preço de R$ 4,40 a R$ 4,70 e não querem respeitar o critério de 100 km entre cada praça. Só tem um jeito de dar um recado e a mensagem chegar ao presidente: reunir as forças e o povo e parar a rodovia, temos de nos unir no maior protesto que o Sul já fez”, defendeu Felipe Estevão (PSL) durante a sessão de terça da Assembleia Legislativa.

“Nós conseguimos reverter os pedágios da BR-282, uma das praças era em Xanxerê, no perímetro urbano”, informou Luciane Carminatti (PT), que lembrou a votação recorde do presidente Jair Bolsonaro no estado. “É hora do presidente começar a devolver os votos”.

“É um absurdo o que a ANTT está fazendo com Santa Catarina, vai atrapalhar sim o desenvolvimento da região Sul”, concordou Ricardo Alba (PSL).

“Santa Catarina está entre os que mais envia recursos e entre os últimos que recebem”, criticou Sargento Lima (PSL).

mapa de sc com uma linha destacando o trecho da br 101 a ser concedido
Trecho a ser concedido é entre os municípios de Paulo Lopes e São João do Sul, com 220 km – Divulgação/CSC

“Acho que a bancada do Sul tem de fazer este debate, mas é uma luta em que o governador tem de se inserir, é de Tubarão, sem a ajuda do governador não vamos conseguir”, reconheceu Ivan Naatz (PV).

“É uma inconsequência, 50 km entre uma praça e outra, isso é tirar o pão de quem trafega por ali, é quase um escândalo”, avaliou Ada de Luca (MDB).

“O edital de concessão está no TCU. Este é o momento oportuno, temos que começar a trabalhar politicamente e travar o lançamento do edital”, declarou Luiz Fernando Vampiro (MDB).

Reunião nesta quarta com ANTT

O Fórum Parlamentar Catarinense teve uma reunião com diretores da ANTT nesta quarta-feira (16), em Brasília, para tratar do tema. O resultado foi que a agência adiou o lançamento do edital, previsto para 6 de novembro, até que os parlamentares catarinenses consigam uma audiência com o Ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas.

grande bancada em forma de U com homens de terno sentados ao redor
Fórum Parlamentar Catarinense esteve reunido com diretores da ANTT nesta quarta (16) e conseguiu adiar lançamento do edital, mas aguarda audiência com ministro de infraestrutura – Divulgação/CSC

Um dos presentes na reunião dessa quarta foi o deputado estadual Hélio Costa (PRB), que não vê com maus olhos a concessão da BR sul catarinense, mas afirma que que possíveis valores das praças de pedágio precisam ser estudados de forma mais aprofundada. “A ideia é de se ter novas praças no Sul do Estado necessita de um estudo analítico de preços e dos locais onde elas serão instaladas. A população merece uma contrapartida na prática pois ela é quem fará o pagamento diário de pedágio. Espera-se uma rodovia modelo para o país com estes novos investimentos que virão”, disse.

O edital estava em análise pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e, segundo Hélio Costa, não sofrerá alterações até a nova audiência com o Ministério da Infraestrutura, que deverá ocorrer no final de outubro.

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