Foi publicada na edição do diário oficial do estado desta segunda-feira (10/1) a decisão da expulsão de dois soldados da Polícia Militar de Santa Catarina, envolvidos no desaparecimento de Diego Bastos Scott, em Laguna, em 15 de janeiro de 2021 após ele ser levado na viatura.
A decisão é assinada pelo governador, Carlos Moisés (sem partido), e trata do não reconhecimento de recurso dos dois soldados em processo interno na corregedoria da PM. “(…) com fundamento nos documentos contidos no processo PMSC 63926/2021: manifestações do Comandante Geral da Polícia Militar de Santa Catarina (…) , resolve negar provimento ao recurso de queixa, e, com isso manter a penalidade de Exclusão a Bem da Disciplina”, constam nas duas publicações referentes aos soldados Eduardo Rosa de Amorim e Luiz Henrique Correa de Souza.
O desaparecimento de Diego, 39 anos, ocorreu após a PM ser chamada por conta de uma ocorrência de violência doméstica envolvendo Diego, que teria agredido o pai com o um soco no rosto. Câmera de vigilância na rua captou o momento em que o homem, que exercia a profissão de pescador, é colocado na parte de trás da viatura pelos dois policiais.
Com o sumiço de Diego Scott iniciaram-se as investigações a pedido da família, apontando os policiais como os últimos a terem visto o homem, que chegaram a ser presos. A investigação apontou que os agentes de segurança estavam com as câmeras corporais e o tablet da viatura desligados durante 1 hora após levarem o homem preso. Esses equipamentos deveriam ser mantidos em funcionamento durante a ação dos policiais para, entre outras finalidades, permitir a fiscalização das operações por meio do registro de imagens e de dados, como localização e horários das atividades. Os militares também afirmaram primeiramente que não haviam encontrado o pescador na residência quando atenderam a ocorrência, mas posteriormente mudaram a versão e chegaram a afirmar que deixaram o homem em uma estrada a 8 quilômetros do local.
Não fora a primeira vez que os policiais foram chamados à residência de Maria da Graça Scott, 71 anos, por causa de perturbações com o filho. Conforme relatou em entrevistas, a mulher afirma que o filho usava drogas, bebia e tinha comportamento violento com todos na casa, ocasionando nas chamadas de emergência. Para ela há a certeza de que o filho foi morto após ser levado pelos policiais. Além de Maria, moravam também na residência o pai, a esposa e o filho de Diego, de 6 anos.
Sobre o caso foram instaurados dois processos, na justiça comum e na justiça militar, para apurar a conduta dos soldados, que tiveram agora a sua expulsão da corporação confirmada, sem mais detalhes. Em agosto o Ministério Público de Santa Catarina pediu o arquivamento do caso no TJSC por falta de provas contra os policiais.
Por Lucas Cervenka – reportagem@correiosc.com.br