Erradicação de praga impulsiona Santa Catarina como maior produtor de maçãs do país

    Estado foi certificado como zona livre de Cydia pomonella há 11 anos, graças a ações de sanidade vegetal desenvolvidas pela Cidasc, empresa pública ligada à Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária

    Cidasc/Divulgação

    Desde a década de 1960, o cultivo de maçãs mudou a paisagem e fortaleceu a economia de cidades catarinenses como São Joaquim e Fraiburgo. Com o tempo, Santa Catarina construiu uma cadeia produtiva sólida. Hoje, o estado exporta metade das maçãs brasileiras.

    Esse avanço não aconteceu por acaso. Além do clima favorável, o controle sanitário tem papel essencial. Em 7 de maio de 2014, Santa Catarina recebeu o certificado de zona livre da Cydia pomonella. A conquista foi resultado de quase 20 anos de trabalho da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc).

    A Cydia pomonella, ou traça-da-maçã, é uma mariposa que ameaça maçãs e peras. Na fase de larva, perfura as frutas para se alimentar. Com isso, facilita a entrada de microrganismos e compromete a qualidade da produção.

    Foto: acervo Ascom/Cidasc/Divulgação
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    Diante da ameaça, a Cidasc reagiu rapidamente. Assim que detectou a praga, em 1993, iniciou o monitoramento e o combate. A engenheira-agrônoma Roberta Duarte Avila Vieira, responsável pelo Programa Estadual de Sanidade das Pomáceas, explica que a erradicação exigiu ações coordenadas para conter o foco.

    Desde então, a Cidasc mantém a vigilância. “As medidas fitossanitárias ajudam a evitar o retorno da praga e garantem a qualidade da produção”, afirma Roberta. Além disso, reduzem o uso de inseticidas, diminuem os custos e protegem o meio ambiente e a saúde pública.

    Contudo, a traça-da-maçã não é a única preocupação. A Cidasc também combate o cancro europeu, causado pelo fungo Neonectria ditissima. A campanha Todos Contra o Cancro Europeu orienta produtores e técnicos sobre prevenção e controle da doença.

    Detectado em 2015, o cancro europeu ainda provoca perdas. No entanto, a incidência nos pomares catarinenses é baixa. O controle envolve parcerias com Epagri, Faesc, Senar, técnicos e produtores. “Todos estão engajados porque o impacto econômico é real”, destaca Roberta.

    Programa Estadual de Mitigação de Risco

    Além do programa nacional, Santa Catarina criou medidas próprias. O Programa Estadual de Mitigação de Risco exige, por exemplo, o cadastro georreferenciado de todas as áreas com produção de maçã ou mudas. A compra de mudas com certificado fitossanitário é obrigatória. Mudas contaminadas podem comprometer todo o pomar.

    Segundo a Associação de Produtores de Maçã e Pêra de Santa Catarina (AMAP), o estado colhe mais de 600 mil toneladas por ano. São Joaquim lidera com 75% da produção. No município, empresas privadas e cooperativas — Cooperserra, Sanjo e Frutas de Ouro — organizam os produtores. Juntos, garantem o beneficiamento e a venda da fruta, tanto in natura quanto em sucos e outros produtos industrializados.

    Armadilhas foram utilizadas para monitorar a presença da mariposa. Foto: Ascom/Cidasc/Divulgação
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