Na Escola do Futuro da Tapera, da rede municipal de Florianópolis, todos do ensino fundamental podem aprender Libras, Língua Brasileira de Sinais. Como componente curricular, é oferecida a 140 estudantes do primeiro ao quinto ano. Como atividade complementar, no contraturno, para 180 estudantes dos anos finais, há o Clube de Libras, um espaço pensado para o ensino dessa língua com os recursos necessários e professores com formação adequada.
A Libras possui características específicas, ressalta a diretora da Escola Municipal Tapera, Melize Daniel. Além de ser reconhecida em todos os aspectos linguísticos, como morfologia, sintaxe e pragmática, “ela se diferencia do português na medida em que se apresenta na modalidade gestual-visual, portanto, composta por um conjunto de movimentos e expressões captados pela visão”.
Conforme o secretário de Educação, Maurício Fernandes Pereira, a Prefeitura tem por objetivo a construção de um sistema educacional cada vez mais inclusivo. “É de suma importância que todos da comunidade escolar possam ampliar seus olhares em relação a língua oficial das comunidades surdas”.
As aulas de Libras na unidade ocorrem desde sua inauguração no início do ano de 2020. A professora Vanessa Gonzato é surda e trabalha com um intérprete, o professor Valdelúcio Fernandes Marques. Eles atuam no ensino regular e nos projetos.
Para Vanessa, o ensino de Libras na Escola do Futuro garante a inclusão desse grupo linguístico minoritário, contribuindo para disseminar mais informações sobre a língua brasileira de sinais, para a comunicação em Libras e permitindo o oposto: que o professor compreenda o estudante.
“É visível o interesse da parte dos estudantes no momento da aula, sempre querendo conhecer mais sobre a cultura surda e também aprender mais sinais”, informa a professora. “Os estudantes já relataram que gostam de aprender Libras, que pretendem usar quando encontrar um surdo, ou alguns têm parentes ou conhecidos surdos e querem ter uma comunicação mais efetiva”, complementa Vanessa.
Na parte frontal da escola o nome da unidade também está escrito em Libras. Outra acão foi grafitar o muro lateral com todo o alfabeto em Língua Brasileira de Sinais. “A ideia da grafitagem foi para dar visibilidade à língua estudada na escola, socializar com a comunidade escolar e impulsionar o interesse das pessoas que por ali passam a aprender o alfabeto desta língua”, frisa a diretora Melize Daniel.
Libras em outras unidades
Mais 17 unidades educativas possuem a Língua Brasileira de Sinais em seu cotidiano, seja em escola ou em núcleo de educação infantil. Em quatro unidades, o sistema é similar ao da EBM Tapera. Isso ocorre nas escolas Mâncio Costa (Ratones) , Intendente Aricomedes da Silva (Cachoeira do Bom Jesus) e Osmar Cunha (Canasvieiras). Todos os pequenos do Núcleo de Educação Infantil Doralice Maria Dias (Vargem do Bom Jesus) também têm acesso à Libras.