Fronteiras de SC são bloqueadas por 12h

    Com três meses de planejamento, a Polícia Militar de Santa Catarina, em parceria com a Polícia Civil, a Polícia Militar do Paraná, a Brigada Militar do Rio Grande do Sul e a Polícia Rodoviária Federal, botou em ação nesta quinta-feira (1/3) a Operação Ferrolho, que fiscalizou de forma intensa por 12h mais de 300 pontos nas fronteiras do estado, incluindo aeroportos e principais rodoviárias.

    Em coletiva de imprensa na parte da tarde, enquanto a operação seguia das 6h às 18h, a cúpula da segurança pública apresentou alguns resultados. O primeiro deles, negativo: o  aluno cabo Rafael Biazus Massoco, de 37 anos, seis de corporação, integrante da unidade ambiental, faleceu após o barco em que estava com mais dois policiais em um rio de Piratuba virar depois de colidir com uma pedra. Os outros dois colegas conseguiram se salvar. Foi feito um minuto de silêncio antes da coletiva iniciar.

    Em princípio, o objetivo divulgado da operação era coibir o tráfico de drogas, o contrabando de armas e demais crimes no território catarinense. O comandante da PM, coronel Araújo Gomes, afirmou que se tratou também de outras questões.

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    “A operação foi desenvolvida pelas polícias de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. Teve como objetivo fazer o fechamento total do acesso externo, ou seja, de outros estados ao Estado de Santa Catarina. Para isso, utilizou mais de 300 pontos de fiscalização, incluindo desde as rodovias mais importantes, como as federais, até pequenos pontos de passagem, como pontes de arames e trilhas”, informou o comandante. Os locais foram levantados pela inteligência da Secretaria de Segurança Pública.

    Com o emprego de 1.160 soldados da PMSC, 191 da PMPR, 102 da BMRS e 30 da PRF, a operação não foi voltada para grandes prisões e apreensões, como afirmou Araújo Gomes: “era uma ação preventiva e de demonstrar a capacidade de proteger os catarinenses nas divisas e fronteiras em caso de crise, conforme a inteligência apontar, ou até  eventualmente de se implementar uma fiscalização mais forte”.

    Por videoconferência, representantes da PMPR e BMRS também falaram sobre a capacidade de articulação e integração de forças.

    OBJETIVOS

    O coronel Araújo Gomes reforçou que os três objetivos da Operação Ferrolho foram reconhecer e testar os pontos debloqueio; o fortalecimento da sensação de segurança e confiança os órgãos quanto à sua capacidade de proteger os catarinenses; e que o movimento da operação produziu dados que serão úteis às investigações da Polícia Civil, que devem resultar em médio prazo em prisões e apreensões.

    Até o momento da coletiva, os resultados numéricos foram a apreensão de 8 kg de skank no Terminal Rodoviário Rita Maria, em Florianópolis, a prisão de um traficante de Góias  ligado à facção criminosa carioca, em Balneário Camboriú, e a checagem da identidade de 30 mil cidadãos e 15 mil veículos, “a principal dimensão da fiscalização”, como pontuou o comandante da PM.

    Grande monitor fixado numa parede e divido em quatro telas mostra o contorno do estado de Santa Catarina com pontos demarcados em toda a fronteira
    Mapa em tempo real na sede comando da PM mostrava a situação de todos os pontos
    de fiscalização durante a operação, circundando toda a região de fronteira – Foto: Lucas Cervenka/CSC

    Para o secretário de Segurança Pública de SC, Alceu de Oliveira Pinto Junior, o custo da operação foi baixo (R$ 30 mil) frente ao ineditismo deste tipo de ação. “É o primeiro Estado do Brasil de que se tem notícia que conseguiu fechar praticamente todas as fronteiras”, disse.

    Segundo o secretário, os objetivos foram plenamente atingidos, com uma métrica de quanto tempo se demora para fechar o Estado e qual objetivo pode ser atingido. “Certamente será um grande estudo de caso para outros estados da Federação”.

    RECADO

    Neste sentido, o secretário afirmou que a operação em nada tinha a ver com a intervenção militar no Rio de Janeiro, foi planejada muito antes, mas não deixou de demonstrar que Santa Catarina possui forças de segurança em plena atuação para impedir a migração de criminosos.

    “Não é só passar uma imagem de garantia, mas que temos condições de controlar o Estado e principalmente um recado muito claro para o crime de que Santa Catarina passa a ser um estado desinteressante para as organizações criminosas por causa do efetivo controle que temos das fronteiras. Esse controle não vai acabar com o crime organizado, mas certamente vão ter que procurar outro lugar para trabalhar”, declarou Alceu de Oliveira Pinto Junior.

    Correio – Mesmo sem ter relação direta com a intervenção federal do Rio de Janeiro, esta demonstração de força e integração não é um recado de que Santa Catarina não precisa de intervenção semelhante e consegue lidar com suas próprias questões de segurança?

    Secretário Alceu – Não é um recado em relação a isso, não era esse o objetivo, porque não precisa de recado pra dizer que Santa Catarina não precisa de intervenção militar. As nossas polícias, as organizações daqui são suficientes para as demandas que nós temos neste momento e as demandas que a inteligência consegue deslumbrar a curto, médio e a longo prazo também.

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