A saturação dos serviços médicos pediátricos em Santa Catarina é ponto problemático no governo estadual. Com a morte de uma criança no início dessa semana no Hospital Infantil Joana de Gusmão (HIJG) a Secretaria de Estado da Saúde anunciou nesta quarta-feira (13/7) que vai reforçar a triagem nas unidades em Florianópolis e Criciúma.
Em frente ao Hospital Joana de Gusmão será implantada uma estrutura de contêineres para triagem de pacientes e atendimento dos casos mais brandos, aqueles com classificação verde e azul. Os pacientes das demais classificações serão encaminhados para os atendimentos no consultório. O prédio da unidade não comporta mais ampliações.
Nessa quarta foi publicado o edital de contratação emergencial de 20 pediatras para chamada imediata e está em elaboração um termo de referência para contratação de empresa para fornecimento de equipes de intensivistas e compra de insumos hospitalares. Também serão abertos 13 leitos clínicos e mais 10 leitos de terapia intensiva e semi-intensiva na unidade no bairro Agronômica.
Segundo a SES, o Hospital Infantil em Florianópolis tem apresentado uma alta expressiva nos atendimentos. Nos 12 primeiros dias de julho foram 7,1 mil atendimentos, contra 8,3 mil em todo o mês de junho.
Já no Hospital de Criciúma serão ampliados 11 leitos de UTI, reforma parcial e o governo afirma que vai contratar mais médicos pediatras e fisioterapeutas.
Morte de menina foi estopim
A morte de uma menina de 2 anos na madrugada de segunda-feira (11) no HIJG foi o novo estopim para que o governador, Carlos Moisés, exigisse uma ação efetiva para dar conta da demanda, a qual afirma que poderia em grande parte ser atendida nos postos de saúde da capital. O governador foi desgastado politicamente nesses dias com o caso sob a alegação de que a paciente teria falecido por falta de leito de UTI, que de fato estavam lotados no momento.
Segundo a SES a alegação não procede porque a criança chegou em estado muito grave na noite de domingo, não teve seu quadro clínico estabilizado para poder dar entrada em UTI e foi a óbito em poucas horas. A família buscou mais de uma vez atendimento nos 10 dias anteriores na UPA em Palhoça sem melhora na condição da filha. A Prefeitura de Palhoça não se manifestou sobre o caso.
Por outro lado, apesar da abertura de leitos de UTI em SC, as unidades estaduais continuam lotadas. A região da Grande Florianópolis, por exemplo, nesta quinta-feira (14) está com 100% dos leitos de UTI ocupados, tantos os de adultos, quantos os infantis e neonatais. Para crianças há vagas somente na Foz do Rio Itajaí e no Planalto Norte. A situação é extremamente crítica.
A ocupação geral das unidades de terapia intensiva de todo o SUS catarinense é de 97%. É comum o compartilhamento nas redes de cenas de pacientes esperando horas nas recepções dos hospitais, como o Regional de São José.
Por Lucas Cervenka – reportagem@correiosc.com.br