Após o juiz Elleston Lissandro Canali soltar o grupo de 10 neonazistas por considerar que não havia ameaça específica, a justiça estadual reconsiderou os pedidos de prisão feitos pelo Ministério Público de Santa Catarina e determinou novamente o encarceramento do bando. O grupo de criminosos foi flagrado em reunião de articulação da célula nazista em São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis, em novembro de 2022, em operação conjunta das polícias Civil e Militar. Posteriormente mais dois membros foram presos.
De acordo com o delegado Arthur Lopes, titular da Delegacia de Repressão ao Racismo e a Delitos de Intolerância, dos 10 criminosos presos cinco são do Rio Grande do Sul, três de Santa Catarina, um do Paraná e um de Minas Gerais.
“As prisões ocorreram no decorrer da última semana, em dias distintos. Não foi divulgado antes de todos estarem presos pra não frustrar o cumprimento dos mandados. Alguns foram presos em casa, outros no local de trabalho e alguns se apresentaram na delegacia”, disse o delegado. Ele destacou ainda que há um vasto material de cunho nazista apreendido durante uma das prisões, utilizado para cooptar mais membros para a célula.
Os dez réus foram postos em liberdade em 7 de abril por decisão do Juiz de 1º grau da Vara da Comarca da Região Metropolitana, que considerou não haver periculosidade na atuação dos neonazistas e nenhuma “ameaça específica”. Após essa decisão houve recurso por parte do MPSC para refazer o trabalho de prisão e investigação, que fora desfeito pela decisão judicial monocrática. Em decisão cautelar, o desembargador Ernani Guetten de Almeida decretou a prisão preventiva dos dez criminosos, argumentando:
“[…] são integrantes de organização criminosa que tem como finalidade a promoção de discursos de ódio, racismo e idolatria ao nazismo. Agem de forma organizada para alcançarem rápido crescimento e maior engajamento, inclusive rompendo as barreiras entre os Estados para tanto. E não só. Seriam, supostamente, braço de uma semelhante organização internacional, organizada hierarquicamente e que condiciona o alcance pelo grupo de posição mais elevada na organização ao cometimento de crimes de ódio com recurso à violência.
“Ainda, durante as investigações e o curso do processo, foi apreendido farto material, não só de apologia às ideias nazistas e supremacistas, mas também de incitação violenta e preconceituosa, além de adagas, canivetes e munições. As mensagens oriundas dos aparelhos celulares seguem o mesmo nefasto rumo”.
Presos na Grande Florianópolis
Os dez presos respondem a processo criminal pelos fatos investigados pela Polícia Civil de Santa Catarina. Em novembro de 2022, a Delegacia de Repressão ao Racismo e a Delitos de Intolerância da DEIC desencadeou operação em um sítio localizado em área rural do município de São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis, onde flagrou encontro do grupo que é considerada pela Polícia Civil como o “capítulo” brasileiro de um grupo skinhead neonazista internacional. No local foram presos em flagrante oito integrantes de uma organização criminosa. No início de abril foram presos outros dois integrantes, em Caxias do Sul (RS).
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