Trinta anos de reclusão, a pena máxima por latrocínio, foi aplicada a um criminoso que matou o homem que tentou impedi-lo de roubar a fiação de cobre de um poste no bairro Capoeiras, na região continental de Florianópolis. O réu, Hugo Leonardo Duarte Bleichvehl, foi denunciado pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) e deverá cumprir a pena em regime inicial fechado.
O assassinato ocorreu na madrugada de 17 de outubro de 2022, na rua Cândido Ramos. Era perto de 1h15 quando, acordado pelo latido dos cachorros, o morador Charles dos Santos Oliveira foi à janela e viu um homem roubando a fiação de cobre do poste em frente à sua casa. De imediato o identificou como o mesmo ladrão que, duas semanas antes, havia furtado os fios do seu ar-condicionado, flagrado em câmera.
Charles pegou um facão e foi até a calçada, no intuito de intimidar o ladrão e evitar mais um furto. Hugo, no entanto, atingiu a vítima com os fios que carregava e a derrubou no chão, fazendo-a largar o facão. O criminoso, então, pegou a arma branca e desferiu uma série de golpes no morador, um deles atingindo o pulmão e o coração da vítima. A esposa de Charles ainda o encontrou agonizando na calçada, pouco antes de morrer.
As imagens das câmeras de segurança do local levaram a Polícia Civil à identificação do autor do crime, posteriormente reconhecido pelas testemunhas. Tratava-se de Hugo Leonardo Duarte Bleichvehl, que vivia em situação de rua e tinha mais de 40 boletins de ocorrência contra si, mas vivia em liberdade, cometendo mais crimes. Em um bar na região, inclusive, ele havia dito na mesma madrugada do crime que teria se envolvido em uma briga com facas.
Diante dos fatos e das provas apresentadas, o Juízo da 1ª Vara Criminal da Comarca da Capital condenou o réu pelo crime de latrocínio. Hugo recebeu a pena máxima em razão da reincidência – já havia sido condenado em outras cinco ações por outros crimes. Também em função da reincidência – e diante da gravidade do crime -, ele não terá o direito de recorrer em liberdade.
Na sentença, o Juiz Renato Guilherme Gomes Cunha considerou que a recorrente prática de furto de fios é um problema agravado pela omissão das diversas esferas do poder público, que resulta em impunidade. Em função disso, na avaliação do magistrado, o cidadão “fica obrigado a se contentar a ficar sem energia elétrica, a pagar uma conta de luz mais alta devido à necessidade de constantes reparos e a ficar sem iluminação pública e com semáforos sem funcionar”.