Em um julgamento que durou 15 horas e ocorreu na Câmara de Vereadores de Tijucas, nesta quarta-feira (24/11), condenou Rozalba Maria Grimes, a mulher que matou a professora Flavia Godinho Mafra para lhe retirar do ventre o filho de 36 semanas de vida, ainda em gestação. O crime ocorreu em agosto de 2020 e chocou o país.
A ré foi condenada por homicídio com cinco qualificadoras contra a mãe e por tentativa de homicídio contra o bebê. Além disso, ela também deverá cumprir pena por mais quatro crimes relacionados aos dois homicídios.
Somadas, as penas chegam a 56 anos e 10 meses de prisão em regime inicial fechado, mais oito meses de detenção.
O tribunal do júri, que ocorreu na Câmara de Vereadores de Tijucas, considerou a ré como plenamente consciente de seus atos e, por isso, mentalmente apta a pagar pelos crimes na Justiça. No Júri Popular, é a própria sociedade, por seus representantes no Conselho de Sentença, quem julga os fatos, sempre dentro do que determina a lei e com o propósito de se fazer Justiça à vítima e aos seus familiares.
Ao ser interrogada pelo Juiz, Rozalba admitiu que pesquisou na internet sobre parto e gravidez, para simular os sintomas. Ela também contou como planejou o crime – a desculpa do chá de bebê surpresa para emboscar a vítima-, e como escolheu o lugar do ataque: abandonado, com tijolos para atingir a vítima na cabeça. A assassina também admitiu às suas advogadas, quando interrogada, que apenas se arrependeu do que fez quando foi presa.
Durante o julgamento, nessa quarta, testemunhas chegaram a passar mal ao darem seus depoimentos. Os policiais que atenderam a ocorrência também relataram a perplexidade do crime.
O crime que chocou o país
Em 27 de agosto de 2020, Rozalba preparou uma emboscada para matar a professora Flávia, que estava a poucos dias de dar à luz seu primeiro filho, com a intenção de lhe retirar o bebê da barriga e tomá-lo para si. Para consumar os seus planos, durante meses, Rozalba se aproximou da professora, que era apenas uma conhecida sua, e conquistou a sua confiança a enganando, mentindo que também estaria esperando um bebê.
Com isso, no dia dos crimes, Rozalba facilmente convenceu Flávia a acompanhá-la para uma surpresa – um chá de bebê (inexistente) que estaria sendo organizado por ela e as amigas da vítima. Flávia se deixou ser vedada e, sem ver o que a esperava, foi atacada por Rozalba, que golpeou a cabeça da vítima várias vezes.
Com a vítima inconsciente devido aos golpes, Rozalba usou um estilete para lhe abrir o ventre e extrair do útero de Flávia o filho, ainda em gestação. Flávia morreu devido à hemorragia causada pelo parto em condições precárias e realizado de forma brutal.
Como a criança foi gravemente ferida pelo estilete usado para retirá-lo do ventre de sua mãe, o bebê que ainda estava em gestação, quase morreu.
Após cometer os crimes contra a vida da mãe e do bebê em gestação, Rozalba fez o que pode para acobertar os seus atos e prejudicar as investigações e o processo: escondeu o corpo de Flavia no forno de uma cerâmica, o que fez com que o cadáver só fosse encontrado no dia seguinte aos crimes e a vítima chegasse a ser dada como desaparecida. A ré também escondeu o celular da Flávia, onde havia certamente provas contra ela.
Saindo da cerâmica ela pediu ajuda a populares para ser levada ao hospital alegando que acabara de dar à luz a criança na rua. No hospital de Tijucas, as enfermeiras desconfiaram da situação, porque a mulher não apresenta sinais de ter acabado de parir, além do corte nas costas da bebê, momento em que a polícia foi acionada e se constatou o crime.
Com informações do MPSC