Um episódio envolvendo a Guarda Municipal de Florianópolis e uma mulher que parou o carro no meio da avenida Mauro Ramos, no Centro da capital, em 27 de novembro de 2020, tem nova versão. Através dos advogados, a mulher enviou carta à redação do Correio narrando o episódio e diz que não quer se identificar.
A ocorrência iniciou quando a GMF recebeu um chamado tratando de um veículo estacionado na rua Anita Garibaldi, em frente a uma entrada de garagem, há mais de meia hora com uma criança dentro. Após, ela teria fugido, de acordo com a guarda, parado o carro na avenida e se recusado a sair.
A mulher, que é engenheira civil e servidora pública estadual, diz que a abordagem da guarda foi equivocada e truculenta. Ela afirma que deixou seu filho de 11 anos no carro com celular para avisá-la caso alguém chegasse e que só parou em frente à garagem porque as vagas da entidade beneficente para a qual presta serviço voluntário estavam ocupadas. Ela também diz que ficou menos de cinco minutos ausente do veículo, que estava com medo dos guardas e que vai processar a GMF.
O relato
“Sem encontrar o outro motorista, como precisava apenas receber material cuja entrega já estava sendo feita na instituição parei em frente à outra garagem próxima, liguei o sinal alerta do carro e deixei meu filho, adolescente de 11 anos de idade, dentro do veículo com as janelas abertas, instruindo-o para que, caso alguém precisasse utilizar aquela garagem na qual parei em frente, ele me ligasse com seu celular para que eu voltasse imediatamente“.
“Solicitei então que aqueles agentes fossem até lá e multassem os outros motoristas que obstruíram minha entrada. Os agentes mostraram-se muito irritados com minha solicitação e determinaram novamente apenas que eu tirasse o carro do local, o que prontamente fiz, sem questionar“.
“Após isso, embarquei em meu veículo calmamente e segui caminho até parar em um semáforo fechado na mesma rua logo à frente, sendo que a viatura da Romu parou atrás de mim, sem me abordar novamente nem emitir qualquer sinal de parada. Após o semáforo abrir, fiz a curva para a Avenida Mauro Ramos, e, para minha surpresa, a viatura da Romu veio em alta velocidade contra mim, cortando minha frente, forçando uma parada brusca, e o Agente saiu da viatura com arma em punho, apontada para mim e meu filho“.
“Apavorada e sem saber o que se passava, fechei os vidros do carro, tranquei as portas e liguei para meus advogados e para conhecidos que pudessem vir ao local me socorrer (dentre eles, minha psicóloga), e, após dizer aos Agentes da Guarda Municipal que estava ligando para meus advogados, estes começaram a tentar abrir as portas de meu veículo, chacoalharam meu carro e diziam que iriam guincha-lo comigo e meu filho dentro, além de me prender e entregar meu filho ao conselho tutelar“.
“A viatura da Guarda Municipal acionou o guincho, conselho tutelar e o Samu, e, quando estes chegaram, disseram as atendentes que eu estaria em suposto “surto psicótico”, ameaçaram quebrar o vidro do carro para retirar-me a força”.
“Contatados por mim, meus advogados e a psicóloga que me acompanha chegaram ao local e informaram as conselheiras tutelares, os Agentes da Guarda Municipal e do Samu que eu não tinha qualquer problema psiquiátrico, nem nunca tive nenhum histórico de surto e que apenas estava com medo por conta da abordagem truculenta dos Agentes da Romu (Guarda Municipal)”.
“Após a chegada da Polícia Militar, para que pudessem garantir minha segurança, solicitei que fosse retirado do local os guardas municipais e agentes do Samu que tinham me ameaçado para garantir minha integridade e de meu filho que como eu estava assustado com tudo que aconteceu, abri as portas do carro, no que fui novamente surpreendida, desta vez, por condução desnecessária por parte dos atendentes do Samu, que causou escoriações em meu braço, conforme demonstra o exame pericial que realizei junto ao IML“.