O Brasil tem a terceira maior população carcerária do mundo. São 812 mil pessoas presas, das quais 41,5% aguardam julgamento. E o que será que acontece nesse universo paralelo para além da realidade já conhecida pela maioria das pessoas?
É o que mostra a juíza catarinense Débora Driwin Rieger Zanini no livro Regime Fechado – Histórias do cárcere, lançado pela Editora Lura. A partir de sua experiência de duas décadas na magistratura, a autora revela casos reais, instigantes e por vezes trágicos, vivenciados por seus protagonistas: os presidiários.
São histórias como a da jovem miss que teve a beleza severamente destruída por uma companheira de cela. Ou o preso que enganou os próprios colegas com uma falsa doença. Mostra também o caso de uma bebê que viveu como detenta até ser adotada e a apenada que tinha um sapo como animal de estimação.
O livro revela, assim, minúcias e curiosidades até então restritos a quem vivencia esse universo do encarceramento. Com uma linguagem direta e sem rodeios, a autora traz situações inusitadas, a exemplo de uma fuga frustrada, e também realidades cotidianas, como a rivalidade entre as facções e as gírias mais usadas.
Há um código de hierarquia entre os faccionados, com posições de liderança. As ordens e missões são emanadas do escalão superior da facção criminosa, para cumprimento pelos faccionados de posição hierarquicamente inferior. É comum um preso faccionado receber a missão de eliminar um rival, ou um colega do mesmo grupo que foi “decretado” (sentenciado à morte), por ter sido desobediente ou por estar em dívida com a “torre” (alto escalão da facção). (Pág. 35)
Regime Fechado – Histórias do cárcere é a concretização de mais um desejo pessoal de Débora, que começou sua carreira no Poder Judiciário em 1995 e tinha o sonho de ser juíza. Realizou ambos. Com esta obra, a juíza lança seu olhar cronista para deixar registrado e acessível a todo o público a realidade por trás das grades. O livro é vendido pelo site da editora, ao custo de R$ 29,90.