Há pouco mais de um ano os ônibus do transporte coletivo de Florianópolis voltavam a circular depois de três meses parados por conta da Covid-19. O retorno, no entanto, ocorreu com mudanças que seguem atualmente, como a ausência de cobradores em algumas linhas e ônibus que só aceitam o pagamento com o cartão. Nas redes, passageiros reclamam da falta de opção da tarifa em dinheiro, relatando episódios em que não conseguiram embarcar nos coletivos da capital.
Quando voltaram a circular, em junho de 2020, os ônibus em Floripa aceitavam apenas o pagamento da passagem com o cartão, voltando a receber em dinheiro posteriormente, em outubro. Ainda assim, algumas viagens não recebem em dinheiro e confundem os passageiros nos pontos.
A professora Marina Rosa não usava o transporte público desde o começo da pandemia, até que na semana passada precisou usar o ônibus para se deslocar em um dia que ficou sem carro. Quando entrou no veículo, na linha do Ribeirão da Ilha, viu que não tinha cobrador e foi informada pelo motorista que o pagamento deveria ser com o cartão, que ela não possuía.
“Na hora eu não reivindiquei meu direito de estar ali, de pagar em dinheiro, porque lembrei lá no início da pandemia quando eu vi no jornal que eles não iam aceitar dinheiro, só cartão. Saí do ônibus meio indignada, mas achei que estava assim por causa da pandemia. Depois cheguei em casa e fui buscar na internet, vi que desde o ano passado tinha normalizado a situação”, explica ao Correio.
Em uma publicação do vereador Afrânio Boppré sobre a ausência de cobradores em algumas linhas, usuários relataram que não puderam embarcar em algumas viagens porque não tinham cartão:
“Tem horários que aceitam só usuários com cartão, semana passada tive que descer do ônibus, cheguei atrasado no trabalho.”, relata uma usuária identificada como Sandra Regina.
“Sempre peguei esse ônibus todos os dias de manhã e hoje mudou de motorista e absurdamente ele recusou a passagem em dinheiro, disse que era apenas pagamento em cartão. Eu questionei: ‘mas como se tem placa sinalizando pagamento em cartão ou em dinheiro’. Eu disse que não ia descer e ele desligou o ônibus, disse que não ia seguir a viagem. Fui obrigada a descer porque estava quase atrasada pro trabalho”, conta Maiara Constâncio na publicação.
Ao Correio, a prefeitura de Florianópolis minimiza a situaçaõ e explica que o pagamento somente com cartão ocorre nas viagens extras, que seriam 0,05% do total de horários em dias úteis, sem especificar quantas viagens representa e quantos passageiros são afetados. Já as viagens convencionais do transporte público aceitam tanto cartão quanto dinheiro, e casos de recusa no recebimento em dinheiro devem ser relatados à ouvidoria do município.
Ainda de acordo com a prefeitura, as viagens extras mudam diariamente, conforme a demanda excedente, ou seja, se eventualmente ficam passageiros no ponto sem poder pegar um ônibus que atingiu a lotação permitida, outro veículo é liberado para atender os usuários.
Por Ana Ritti – redacao@correiosc.com.br