Chumbo, cromo e zinco acima dos limites permitidos para o consumo humano foram encontrados em peixes da Lagoa da Conceição, em Florianópolis. Pesquisadores assinam uma nota técnica alertando para a presença desses metais pesados nos animais e solicitando um diagnóstico mais amplo sobre as causas da contaminação.
O estudo foi lançado nesta sexta-feira (3/9) por cinco pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade Federal do Rio Grande (Furg).
O estudo foi liderado pelo programa de extensão Ecoando Sustentabilidade, em parceria com os moradores da Costa da Lagoa, e analisou a concentração de 11 metais e metalóides em carapevas e linguados da Lagoa da Conceição. Os níveis de alguns elementos ultrapassa o limite máximo permitido na legislação.
As análises laboratoriais foram realizadas em seis exemplares de carapeva e nove exemplares de linguado capturados por pescadores da Costa da Lagoa entre os meses de março e maio de 2021. As espécies são bons marcadores biológicos pois têm diversas fontes de alimentos e sua contaminação indica que a cadeia alimentar está também contaminada.
“Me chama a atenção o chumbo, cromo, e zinco, que é típico do esgoto doméstico. Mas são de fontes de contaminação diferentes, inclusive industriais. Então temos a indicação de múltipla contaminação e precisamos analisar com bastante propriedade”, disse o professor Adauto Bianchini.
O documento destaca que a contaminação por metais é historicamente detectada em outros organismos da Lagoa, como a as concentrações de chumbo e de cromo no berbigão, em todas as regiões da laguna, que em 2002 apresentavam valores até seis vezes acima do permitido na legislação.
“Os dados indicam um padrão consistente de contaminação por alguns metais e um elevado risco à saúde dos consumidores desse pescado”, destaca a nota técnica.
Por isso, os especialistas recomendam a adoção de um monitoramento permanente do pescado da Lagoa da Conceição e das possíveis fontes de contaminação em 23 pontos da lagoa.
“Esses resultados evidenciam que é urgente a realização de um diagnóstico amplo da situação do pescado da Lagoa da Conceição, das possíveis fontes de contaminação e da saúde de seus moradores, a fim de proporcionar informação qualificada para que tomadores de decisão e a comunidade possam discutir as ações a serem tomadas nas áreas da saúde, segurança alimentar, hídrica e ambiental”, afirma o professor Paulo R. Pagliosa, do programa de extensão Ecoando Sustentabilidade.