Após a prisão de quatro pessoas por associação criminosa e estelionato há uma semana e a liberação de uma mulher que estava em poder do grupo como refém, a equipe de investigação e capturas da Delegacia de Palhoça da Polícia Civil localizou mais duas vítimas da quadrilha, uma de São José e outra de Palhoça. Elas reconheceram os golpistas e confirmaram o modus operandi.
Nesta sexta-feira (21/9), o delegado Diego Parma vai ouvir uma quarta pessoa, morador de Paulo Lopes, que pode ter caído no golpe das mesmas pessoas e acredita que a divulgação desses casos revela outras vítimas. “A suspeita é que tenha perdido um terreno no golpe”, conta o delegado.
Segundo ele, o grupo tinha como tática a aproximação já conhecendo a sua rotina das vítimas, fazer amizade e ganhar a confiança delas. “A partir daí conseguem fazer uma ‘lavagem cerebral’, isolam a vítima de amigos e familiares, e passam a subtrair bens e dinheiro”, diz Parma.
O caso: de cárcere privado para estelionato
A equipe de investigação e capturas da Delegacia de Palhoça da Polícia Civil prendeu em flagrante no dia 13 de setembro quatro pessoas , duas mulheres e dois homens, um deles advogado com registro na OAB/SC e RS, por associação criminosa e estelionato.
O caso, que iniciou com sendo um possível sequestro a partir do relato do marido da vítima, que procurou a polícia dois dias antes, mudou de rumo no decorrer das investigações. Nesse período, o grupo conseguiu transferir R$ 116 mil da conta bancária da mulher, usou procuração para movimentar a conta e adquiriu bens com a sua colaboração. A quadrilha comprou celulares, computadores e até um veículo Golf, que seria entregue no dia 12.
“Eles se aproximaram da família com o argumento de alugar um imóvel. Em seguida, conhecendo a rotina do casal – dono de uma empreiteira – e sabendo de problemas de relacionamento, conquistaram a confiança da mulher aproveitando sua fragilidade emocional para oferecer ajuda”, contou o delegado Diego Parma, responsável pela investigação.
Os golpistas teriam convencido a mulher e o filho de 17 anos a sair de casa, e apresentaram o advogado que ajudaria no processo de divórcio. A polícia acredita que as vítimas eram dopadas. “Eles controlavam o contato com a família enquanto transferiam dinheiro e adquiriam bens com a colaboração delas”, disse Parma.
Técnicas de ajuda e persuasão
Segundo o delegado, eles ofereciam terapias holísticas e espirituais, prometiam ajuda de todo o tipo e com muita persuasão conseguiam convencer as vítimas. “Eles sabiam, por exemplo, que o filho havia sido tratado de uma leucemia e prometiam remédios para curar a doença.”
Após um contato telefônico com a mulher, já sabendo de possíveis envolvidos, do apartamento no bairro Pagani utilizado pela quadrilha e de ações semelhantes, o delegado convenceu um dos envolvidos a levar a vítima à delegacia. Em seguida, ocorreu o flagrante do restante da quadrilha no apartamento, onde parte dos objetos adquiridos e do dinheiro sacado foi encontrado.
Mais casos
A partir da prisão da quadrilha, casos com o mesmo modus operandi já chegaram ao conhecimento do delegado, que acredita no surgimento de outras vítimas. “Temos suspeitas de uma ocorrência idêntica em Paulo Lopes. Num registro em São José, envolvendo os mesmos suspeitos, uma mulher solteira foi ludibriada da mesma forma”, conta.
No caso de São José, a quadrilha teria hackeado o celular e redes sociais da vítima. “Em seguida, eles se apresentaram como peritos em eletrônica prometendo resolver os problemas técnicos. Conseguiram acesso ao apartamento e com o mesmo poder de convencimento retiraram entre R$ 30 e 40 mil da mulher e compraram eletroeletrônicos”, conta o delegado.
Somente após o contato com um ex-namorado da mulher a polícia foi acionada. Na oportunidade, os suspeitos conseguiram sair ilesos.