Os 5.724 moradores do bairro Potecas, em São José, que já convivem com o mau cheiro proveniente das lagoas de tratamento de esgoto da Casan, para onde flui grande parte dos dejetos da Grande Florianópolis, e também com constantes arrombamentos e furtos em suas casas podem ganhar mais um presente de grego: um enorme empreendimento imobiliário, que deve aumentar a população em, pelo menos, 412 habitantes. Um presídio. Ora, vejam, quanta ironia.
“Tudo bem que”, uma vez que não investimos praticamente nada na reeducação e recuperação de indivíduos que, deslocados da ordem social, acabam praticando atos prejudiciais à sociedade, precisaremos sempre de mais buracos onde enterrar nossas titicas. Nada mais justo, então, que colocá-los no mesmo destino de outros refugos. Esta parece ser a mensagem por detrás da decisão judicial para a colocação da nova Central de Triagem de Presos justamente naquele local.
Enquanto a atitude da sociedade for essa de tratar o criminoso como lixo social, a violência só tenderá a aumentar. Se, ao menos, no projeto da nova casa prisional, fosse inclusa uma escola, para oferecer alguma réstia de esperança para o futuro dos que lá caíssem, poderíamos repensar a expectativa sobre a sua implantação.
Moradores, vendam suas casas enquanto ainda têm algum valor. Depois dessa, está claríssimo que, na visão de quem manda no pedaço, Potecas dificilmente participará do bolo do Desenvolvimento, se algum dia, depois dessa crise, ele realmente vier.
Ônibus Intermunicipais
O governo do estado deixou claro que não pretende atender à determinação judicial para licitar as concessões de quase mil linhas de ônibus intermunicipais que operam em SC. Cedidas sem licitação ainda em 1980, vêm sendo prorrogadas por diversos governantes, por conta da falta de estrutura dos órgãos de trânsito até mesmo para elaborar o estudo necessário à realização da concorrência pública.
Maldito mosquito
O governo do estado e as prefeituras ainda não se manifestaram sobre como vão lidar com os focos do mosquito Aedes aegipty. São José e Florianópolis figuram na lista de municípios cuja infestação do agente transmissor da dengue, febre chikungunya e vírus da zika chegou a níveis alarmantes, com aumento de quase 50% da população dos insetos entre janeiro e junho deste ano, publicada pela diretoria de vigilância epidemiológica de SC no início do mês de julho.
O primeiro semestre de 2018 já registra 45 casos confirmados de dengue no estado. Outros 70 pacientes estão sob investigação, com suspeita de estarem com a doença. No mesmo período do ano passado, foram apenas 10 casos.
Ética Parlamentar
O Conselho de Ética da Câmara dos Deputados não viu desvio de conduta do deputado federal catarinense João Rodrigues (PSD), preso em Brasília após ser condenado a cinco anos e três meses de reclusão por fraude e dispensa irregular de licitação na compra de uma retroescavadeira, enquanto era prefeito interino de Pinhalzinho, no oeste do estado.
O deputado se diz inocente, alegando que não houve desvio de dinheiro público. A Justiça, até o momento, não acredita na tese de inocência. A estratégia da defesa do parlamentar, em recurso ao STF, aponta, não mais para a ausência de crime, mas para a prescrição da pena.
O prefeito, na época do fato, autorizou dispensa de licitação para comprar uma retroescavadeira, que deveria custar cerca de R$ 60 mil. Apenas uma empresa, de São José, participou do processo, e acabou recebendo, pasmem, R$ 95,2 mil mais uma retroescavadeira usada, a qual revendeu por R$ 35 mil. Total de R$ 130 mil, ou 116% a mais que o previsto.
Choque de Ordem
Muito bonita a atuação das forças de segurança durante a operação Choque de Ordem em São José. A algazarra cometida dentro e no entorno de algumas festas conseguem mesmo acabar com a tranquilidade de quem tenta descansar em casa no final de semana. É preciso dosar o barulho. Todos têm direitos e devem ser respeitados.
E quem gosta de festa? Também tem que ter seus direitos respeitados, claro. É por isso que, acredito, a prefeitura vai atuar mais na fiscalização prévia e na exigência de ações por parte dos promotores de diversões públicas, para que todos possam aproveitar suas vidas da maneira que desejarem. É o correto a fazer.