A CPI encarregada de investigar as obras da reforma na Ponte Hercílio Luz colheu, na manhã desta quarta-feira (24), os depoimentos dos engenheiros mecânicos Edison da Rosa, Paulo de Tarso Mendonça e Eduardo Fancello, que entre as décadas de 1980 e 1990 participaram dos primeiros estudos para a recuperação da estrutura, realizados por meio de convênios firmados entre a UFSC, no qual atuam como professores, e o então Departamento de Estradas e Rodagem de Santa Catarina (DER-SC).
A reunião teve como foco um orçamento firmado em 1982 para determinar o estado de corrosão das peças metálicas, e outro executado em 1997 para apontar uma estratégia de recuperação da estrutura.
Para o relator da CPI, deputado Bruno Souza (PSB), as informações repassadas pelos profissionais serão fundamentais para o processo de resgate de todo o trabalho realizado na Hercílio Luz durante as últimas décadas. “Os depoentes são professores e entendem tanto da parte técnica quanto da história de manutenção da ponte, então a ideia é que nos capacitem a fazer uma construção histórica das soluções que foram tomadas posteriormente e saber se foram as corretas.”
Barra de olhal
Conforme Edison da Rosa, desde a década de 1970 já havia a informação de que uma das barras de olhal que sustentam a ponte estava comprometida, o que viria a ser comprovado oficialmente em 1982, ano em que a ponte foi fechada ao tráfego pela primeira vez, apesar da estrutura não apresentar risco imediato de colapso.
Opinião semelhante foi apresentada por Eduardo Fancello. “A percepção na época é que não havia risco eminente, apesar do estado da ponte ser preocupante e demandar ações de recuperação”, disse o professor.
Com relação aos demais problemas detectados, principalmente de corrosão nas barras de ligação e torres de sustentação, Paulo de Tarso explicou que também não apresentavam perigo imediato para a ponte. “A Hercílio Luz tem uma estrutura muito reforçada, com partes redundantes, que comportam muito mais peso do que o demandado e essas corrosões não chegavam a causar risco”.
Já sobre o estudo realizado em 1997, Paulo de Tarso afirmou que foi constatada a viabilidade da recuperação total da ligação, mediante a utilização de técnicas que envolviam o reforço da estrutura. “Com base nisso, em 1998, o DER lançou um edital detalhado para realizar este serviço, mas que por ser muito específico, não encontrou no Brasil nenhuma empresa brasileira interessada em realizá-lo.”
O DER, entretanto, segundo os depoentes, manteve pelos anos seguintes obras visando à conservação da ponte, como a diminuição de peso da estrutura por meio da substituição do asfalto do vão central por gradis de aço, e a substituição da pintura das partes metálicas.
Aplicação dos recursos
Outro ponto levantado durante a reunião pelo relator da comissão de investigação foi a forma como foram aplicados os recursos destinados aos estudos descritos pelos engenheiros.
Em resposta, Edison da Rosa ressaltou que todos os trabalhos foram realizados por meio da UFSC e que os envolvidos foram remunerados por meios de bolsas de pesquisa.
Sem citar cifras, Rosa afirmou que no convênio realizado em 1982 os recursos foram destinados principalmente à cobertura das bolsas. Já para o de 1997 estava previsto o pagamento de R$ 150 mil pelo Estado, dos quais somente R$ 100 mil foram repassados.
Segundo declarou, a maior parte da quantia foi utilizada para a aquisição de um aplicativo para a realização das simulações estruturais, cabendo o restante para a compra de computadores e a contratação de especialistas e alunos.
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