Projeto imoral não vai adiante

Salão da câmara de vereadores onde se vê ao fundo à esquerda a tribuna com um vereador falando e demais sentados em suas mesas com computadores de costas para a foto
Foto: Édio Hélio Ramos/CMF/Divulgção

O projeto de resolução da Câmara de Vereadores de Florianópolis, aumentando em 15% a verba de gabinete para assessores dos 23 vereadores, foi retirado de pauta pela presidência, depois de péssima repercussão junto à sociedade. O aumento significaria gastos extras que poderiam chegar a R$ 3 milhões por ano aos cofres do erário florianopolitano.

A principal manifestação contrária foi da Associação Comercial e Industrial de Florianópolis, que emitiu nota afirmando que a iniciativa seria “infeliz e temerária”, em um momento em que a prefeitura local tem sérias dificuldades financeiras até mesmo para manter serviços essenciais.

Lindomar Bison, presidente da CDL da Capital, ficou irritadíssimo: “este projeto é prova de que nossos vereadores transitam em um plano de existência diferente dos nossos associados, que praticamente precisam fazer milagres para continuar com seus negócios abertos, gerando empregos e divisas”, disse.

Jurandir
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Escrevo esta coluna sentado em uma praça, com o notebook no colo, lendo as notícias diárias, observando os passantes e trocando conversa com os taxistas, que são, como se sabe, os indivíduos mais inteligentes e eruditos de toda a sociedade. Sempre têm opinião para tudo. Geralmente essa opinião é contrária, não importa muito qual o tema. É um grau de sabedoria essencial para o meu trabalho como jornalista, que é, justamente, informar e dar opinião. E, quando não tenho opinião sobre alguma coisa, nem me estresso, alguém lá na praça terá. E ela será contra. Ser contra, às vezes, também é determinante para o sucesso da minha estimada profissão.

Mas, nesse determinado dia, o ponto de táxis estava vazio, assim como a minha modesta cachola. Foi então que passou por mim, arrastando os chinelos na calçada, o Jurandir. O Jura, como prefere ser chamado, passa os dias pedindo uns trocados para motoristas e passantes, enquanto tece profundas teses e elucubrações sobre a conjuntura atual, baseado nas informações de jornais, que ele recolhe pelas vizinhanças.

Ele vê meu olhar distraído e aproveita para puxar papo. Ele leu, em algum jornal da capital, que o governador Pinho Moreira (que herdou a cadeira de governador há poucos meses, releve-se), revelou que vai deixar um rombo de mais de R$ 3 bilhões para o próximo governador.

O Jurandir não entende como, há pouco mais de seis meses, o ex-governador Raimundo Colombo comemorava o “sucesso”, dando a entender que Santa Catarina era uma ilha de prosperidade em meio a um mar de dificuldades pelo resto do Brasil. Nem eu.

De volta à casa
Foto: Divulgação

O deputado e ex-governador Leonel Pavan surpreendeu médicos e família ao apresentar rápida recuperação do AVC que sofreu em 14 de maio. Depois de um considerável período em estado grave (29 dias), em um hospital de Balneário Camboriú, voltou para casa esta semana praticamente sem sequelas do ocorrido. Segundo o médico Humberto da Silva, que acompanha o caso, Pavan está consciente, lúcido e, em sessenta dias, deverá estar plenamente recuperado em suas funções cerebrais.

O homem é forte. Se bobearem, é capaz até de insistir em concorrer à reeleição, em outubro. Isso seria o sonho de consumo do PSDB, que se viu num mato sem cachorro, procurando um nome capaz de herdar os votos do parlamentar. Se isso não acontecer, é provável que o ungido seja o filho do deputado, Junior Pavan.

Cigarros paraguaios

A Polícia Federal fez uma visitinha a uma distribuidora de cigarros de Palhoça, como parte de uma operação para desmantelar uma quadrilha de contrabandistas de cigarros vindos do Paraguai. A cidade metropolitana, segundo informações da PRF, que acompanhou a ação, servia de base de apoio para o transporte das cargas, que seriam destinadas, principalmente, à região de Porto Alegre e ao Uruguai.

Tudo bem que a nossa carga tributária é absurda, o que incentiva o contrabando. Só fico com pena é do pulmão de quem compra essas porcarias feitas lá em algum fundo de quintal, usando restos de fumo descartados pela indústria, misturados até a veneno de rato.

Quer dizer, pena eu tenho é do nosso bolso, já que esse povo todo vai acabar mais cedo no sistema de saúde pública, em tratamentos caríssimos, bancados, é claro, pelo dinheiro de todos. Segundo dados estatísticos, são R$ 59,6 bilhões a mais, por ano, que o SUS gasta exclusivamente com doenças ligadas ao consumo de tabaco.

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