Projeto que obriga cardápio impresso vai onerar o setor, afirma Abrasel-SC

    Abrasel-SC critica projeto que obriga cardápio impresso, alerta para aumento de custos, prejuízo a investimentos em tecnologia e impacto em um setor ainda endividado.

    Foto: Abrasel-SC/Divulgação

    Um projeto de lei que tramita na Assembleia Legislativa de Santa Catarina preocupa bares e restaurantes. A proposta obriga os estabelecimentos a oferecerem cardápio impresso. No entanto, o setor vê a medida como um novo custo em um momento difícil.

    A presidente da Abrasel-SC, Juliana Debastiani, critica a ideia. “É uma interferência indevida na iniciativa privada e vai prejudicar milhares de estabelecimentos que já investiram em menus digitais, especialmente via QR Code, e que agora terão que destinar novos recursos para a produção de cardápios em meio físico”,, afirma Juliana.

    Presidente da Abrasel-SC Juliana Debastiani. Foto: Divulgação

    O deputado estadual Vicente Caropreso apresentou o projeto. No entanto, a Comissão de Economia, Ciência, Tecnologia e Inovação rejeitou a proposta. O relator, deputado Matheus Cadorin, justificou a decisão. “Defendemos a liberdade econômica. Cabe ao empresário decidir como atender o cliente. Se alguém prefere cardápio físico, pode escolher onde consumir. O mercado se regula”, disse.

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    Juliana reforça a preocupação. “Quem vive a rotina dos bares e restaurantes sabe que esse custo não é pequeno. Desde a pandemia, o setor enfrenta dívidas, alta nas despesas e dificuldade para manter o equilíbrio dos negócios”, afirma. Além disso, ela cita a carga tributária e a perda de poder de compra como fatores que agravam a crise.

    Durante a pandemia, muitos migraram para o cardápio digital. Embora a tendência já existisse, as restrições aceleraram a mudança. Segundo pesquisa da Abrasel, 40% dos estabelecimentos já usam cardápios eletrônicos. Outros 25% ainda estão em fase de implantação.

    Juliana lembra que a digitalização exigiu investimento alto. “Tivemos que comprar softwares e nos adaptar às normas fiscais do estado. Já fizemos um grande esforço”, diz. Por isso, ela considera injusto obrigar um novo gasto com material impresso.

    Setor endividado

    A dirigente da entidade também chama atenção para o endividamento. Segundo ela, quatro em cada dez estabelecimentos ainda carregam dívidas da pandemia. “O empreendedor já enfrenta alta nos insumos. Mesmo assim, terá que imprimir cardápios?”, questiona.

    Por fim, Juliana destaca a diversidade do setor. “São negócios com públicos diferentes, formas de administração, custos e público-alvo diferentes. Para alguns até pode fazer sentido manter o cardápio impresso, mas para a imensa maioria o cardápio digital representa um custo menor”., conclui.

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