Quilombolas impediram passagem de equipes para combate ao fogo no Rio Vermelho

Representantes do quilombola Vidal Martins afirmaram na sexta que "não havia fogo", mas nesse sábado permitiram que equipes do IMA e Bombeiros passassem pelo camping

Durante o combate ao incêndio que atinge o Parque Estadual do Rio Vermelho desde quarta-feira (11) equipes dos bombeiros e do Instituto do Meio Ambiente de SC (IMA) foram impedidas pelos quilombolas de atravessar o camping nesta sexta.

As equipes precisavam passar pela área para combater novo foco, que apareceu em local antes não afetado, mas foram impedidas pelos membros do quilombola Vidal Martins com o argumento de que “não havia fogo”. A informação foi confirmada pelo Corpo de Bombeiros Militares (CBM). Neste sábado (14), com a continuidade da fumaça intensa, o quilombola permitiu a passagem das equipes.

As famílias do quilombola Vidal Martins ocupam o camping desde 15 de fevereiro para reivindicar o controle da área sobreposta ao parque e contra estudo do Incra sobre a demarcação de terras. Oficialmente, o camping é controlado pelo IMA. O quilombola Vidal Martins abriga cerca de 80 pessoas e foi o primeiro reconhecido em Florianópolis. A disputa dos quilombolas contra o governo estadual pelo controle de parte da área do parque remonta à década de 1960.

Impedimento atrapalhou
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Segundo o comandante dos bombeiros em Florianópolis, Diego Bahia Losso, o impedimento agravou a situação do fogo. “Precisávamos acessar o local rapidamente, mas o impedimento sem dúvida comprometeu o combate, o que agrava a situação”, disse o comandante em entrevista a uma rádio da capital na manhã desse sábado, mas acrescentou: “acredito que agora o pessoal tenha percebido a importância do combate, eles inclusive solicitaram o apoio dos bombeiros hoje (sábado)”.

No momento, 16 bombeiros militares trabalham no combate ao incêndio. Segundo o CBM, o fogo atinge a turfa, que tem como característica a queima subterrânea, na qual praticamente não há chamas, mas o calor é intenso e produz muita fumaça. Essa situação é que torna a operação complexa e de difícil extinção por completo do incêndio. Praticamente só a chuva poderá extinguir o incêndio, mas a previsão do tempo não é favorável nesse sentido – somente na segunda-feira deve haver alguma precipitação.

Ainda segundo Losso, a recomendação é de que motoristas devem evitar a rodovia João Gualberto Soares (a SC 406), pela presença de fumaça intensa e das equipes circulando no local. Na manhã desse sábado, o vento sopra de nordeste, carregando a fumaça para a Barra da Lagoa.

Incêndios provocados

Assim como os casos no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, todos os incêndios na região são provocados pela ação humana e potencializados nos períodos de seca. Os bombeiros afirmam que inicialmente o fogo no Rio Vermelho estava concentrado em pequenos pontos, mas que novos focos surgiram em pontos distintos do parque. A Polícia Ambiental ainda não confirmou se vai aumentar as rondas nos parques no período de estiagem.

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