A cidade de São José iniciou sua história com a colonização por 180 casais de açorianos vindos das ilhas de São Miguel e São Jorge, que chegaram aqui em 19 de março de 1750, fazendo com que fosse a quarta localidade fundada em Santa Catarina.

A história da cidade é semelhante à história da maioria dos municípios do litoral catarinense. Dominada originalmente pelos povos do sambaqui e depois pelos indígenas, a região começou a ser ocupada por colonizadores a partir da metade do século XVII. Até então os resquícios históricos tratam de presenças de navegadores que começaram a descer pela costa brasileira rumo ao Rio da Prata e paravam em portos naturais, como a baía de São José e da Grande Florianópolis.

Além dos açorianos, também chegaram os colonizadores alemães: em 1829 foi formado o primeiro núcleo de colonização alemã em Santa Catarina, em São Pedro de Alcântara – que posteriormente foi emancipado e é considerado o primeiro local de colônia germânica.

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Seis anos depois da chegada dos primeiros açorianos, São José da Terra Firme, em 1756, já contava com uma pequena capela, onde se encontra hoje a Igreja Matriz, no Centro Histórico, e passou à categoria de freguesia.

O desenvolvimento foi relativamente rápido. São José cresceu em população e em poder econômico. Importante centro de comércio, onde funcionavam 82 engenhos, em 1º de março de 1833, através da Resolução do Presidente da Província, Feliciano Nunes Pires, São José passou de freguesia à Vila (município) e, em 3 de maio de 1856, através da lei Provincial nº 415, foi elevado à categoria de cidade.

Em 1845, recebeu a visita do imperador Dom Pedro II e de Dona Thereza Cristina, a caminho de Caldas da Imperatriz. À época, São José possuía 21 mil habitantes.

Nos anos 1830, durante a Revolução Farroupilha, o município foi ameaçado de invasão pelos homens de David Canabarro por causa de sua posição estratégica. Mas a cidade passou ao largo dos conflitos, que duraram 10 anos no Rio Grande do Sul e provocaram a Proclamação da República Juliana em Santa Catarina, logo sufocada pelas forças do Império.

distrito sede de são josé - centro histórico
O distrito Sede de São José, atualmente o bairro Centro Histórico, em época de construção do trapiche – Foto: Arquivo IBGE/Divulgação/CSC

Até meados do século 19, a freguesia de São José cresceu de certa forma atrelada ao comércio com centro de Desterro, principalmente pelos jarros de barro das olarias da Praia Comprida à Ponta de Baixo. Além do distrito Sede, criado em 1833, tinha outro núcleo urbano populoso que era o distrito de João Pessoa, que depois foi incorporado por Florianópolis e transformado no bairro do Estreito, em 1943.

Os atuais bairros de Barreiros, Serraria, Praia Comprida, Roçado, Forquilhas eram arraiais, que começaram a se desenvolver ainda no século 19. Nessa época, havia de mais marcante em São José a Casa de Câmara e Cadeia, sobrados, o Teatro Adolpho de Mello e o atracadouro de barcos, que ficava atrás do atual prédio da Câmara de Vereadores, além das dezenas de olarias, ofício que é marcante para a cultura josefense.

A dependência da ligação marítima entre o Continente e a Capital foi importante durante dois séculos (18 e 19) para a economia do município, que abastecia Florianópolis com a sua produção agrícola, pesca, serraria e matadouro e as peças dos oleiros.

distrito de joão pessoa - atualmente bairro estreito
Distrito de João Pessoa, atualmente bairro Estreito – Foto: Arquivo IBGE/Divulgação/CSC

Com a imigração alemã, em 1829, os padrões etnoculturais do município diversificaram-se. Em 1840, a população de São José era de 10.419 habitantes. Desse total, 21,3% eram escravos negros. A partir de 1892 evidenciou-se também a presença de descendentes de italianos, árabes, franceses e espanhóis.

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Mudanças na economia

O século 20 foi marcado pelo fim das atividades portuárias e um período de declínio econômico durante alguns anos, após a retirada do distrito de João Pessoa. O transporte marítimo foi abandonado e passou a predominar o transporte rodoviário, dirigido para o aterro da Baía Sul, em Florianópolis.

A construção da ponte Hercílio Luz, em 1926, culminou na expansão urbana para o distrito de João Pessoa (Estreito) e num processo gradativo de estagnação econômica de São José, que não tinha mais a olaria como carro-chefe.

Na década de 30 surgiram as primeiras linhas de ônibus entre a Capital e o Continente, facilitando o acesso da população para o Centro de Florianópolis. O uso do transporte rodoviário ao longo das décadas, posteriormente com a passagem da BR-101, deu maior importância a São José como entreposto comercial.

Na década de 50, a região viveu uma grande atividade imobiliária, com invasões, loteamentos clandestinos e localização de população de baixa renda composta por muitos imigrantes, sem investimento de infraestrutura e serviços urbanos.

Esse quadro se repetiu na década de 1960, com o incremento da migração rural-urbana, das ocupações clandestinas e ocorrência de transbordamento da população de baixa renda para São José. A taxa de crescimento do município passou de 3,99% para 6,38% anual. A população oriunda da Grande Florianópolis em busca de empregos ocupou principalmente o Estreito, Barreiros e Campinas.

Com a criação do Plano de Desenvolvimento Integrado, que previu área de expansão urbana ao longo da BR-101 (concluída em 1971), São José foi definido para sediar os distritos industriais da área conurbada. A economia do município cresceu, incrementada pela facilidade de acesso rodoviário, incentivos fiscais, mão de obra barata e legislações restritivas às indústrias na ilha. Em cinco anos, de 1970 a 1975, houve aumento de 21,24% nas atividades industriais. Até o final da década de 1970, São José não tinha sistema de coleta de lixo nem de tratamento de esgoto.

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Crescimento

Em 1977, a construção do Kobrasol absorveu quase por completo as atividades residenciais, econômicas e sociais da sede do município, permanecendo no núcleo original apenas parte da administração pública e as atividades culturais remanescentes.

A partir de 1980 chegaram em maior número os migrantes “serranos” de Lages, Oeste e Meio-Oeste catarinense, devido à crise no campo e propaganda de emprego. Gaúchos, paranaenses e nordestinos também migraram para o município. Nesse período, São José possuía 87.817 habitantes.

Até 1980, o perfil do município era residencial, com grande fluxo de mão de obra de baixa renda, o que o caracterizou como cidade-dormitório. A partir de 1991, houve um crescimento da classe média e a expansão da oferta de imóveis, iniciando o processo de verticalização de São José, mais acentuado ainda na primeira década do século XXI.

Em 2015, a construção civil começou a sofrer os impactos da crise econômica e passou a contabilizar um novo povo de imigrantes, os haitianos. A pandemia de 2020 até o início de 22 em todo o mundo também segurou os índices econômicos, mas o município apresenta forte recuperação dos seus principais setores desde o ano passado.

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São José é hoje é o 4º município em população e uma das maiores forças econômicas catarinenses. Uma cidade dinâmica, com forte crescimento e cada vez mais importante no contexto catarinense. Atualmente são mais de 253 mil habitantes (253.705, segundo a última estimativa populacional do IBGE). Como quinta maior economia com forte base no setor de serviços, no comércio e na indústria. É uma cidade que se consolida como importante polo de negócios, gerador de emprego e renda. Em 2021 foi a segunda cidade no Brasil que mais gerou empregos por cada 100 mil habitantes.

Na última década, São José também passou a ser um lugar cada vez mais procurado para se viver, diante da qualidade de vida e ofertas de emprego.

Curiosidades históricas de São José

• A luz elétrica chegou a São José em 1913, substituindo os antigos lampiões.

• O município de São José é cortado por duas rodovias federais – BR- 101 e a BR-282, a Via Expressa, e uma estadual, a SC-281 (antiga 407), que liga o município a São Pedro de Alcântara.

• O Beco da Carioca, onde fica a bica onde as escravas lavavam roupa, foi inaugurado em 1843.

• A primeira Festa do Divino em São José aconteceu em 1856. Iniciativa de João Clímaco Zuzarte Firmo, um oficial da Marinha de Guerra de Portugal que imigrou para o Brasil.

• São José quase teve uma ferrovia. Em 1883, o governo anunciou a construção de uma estrada de ferro, que levaria o nome de Dom Pedro I e ligaria São José ao Rio Grande do Sul. Foi fincada apenas a estaca inaugural.

• São José, que vai comemorar 272 anos de emancipação política neste sábado (19 de março), começou com 182 casais açorianos na metade do século 18. Hoje tem 253 mil habitantes e abriga mais de 23 mil empresas formais, gerando empregos e arrecadação para o município, que tem uma das maiores economias do Estado.

• Jornais de São José: em 1913, circulou O Astro, o primeiro jornal impresso do município, que durou menos de dois anos. Antes disso, os jornais eram manuscritos: O Sul, em 1898; Luz, em 1919. Em 1925 chega às ruas O Josephense, e em 1929, O Município. O Correio de Santa Catarina circulou pela primeira vez dia 19 de março de 2000.

• O primeiro vigário de São José foi o padre José Antônio da Silveira, em 1755. Sua capela ficava onde hoje é a Igreja Matriz.

Igreja do Bomfim em São José
Igreja do Bomfim – Lucas Cervenka/CSC

• São José já foi um dos maiores municípios de Santa Catarina. Seus limites iam até Lages, e fazia divisa com Garopaba. As fronteiras iniciais incluíam municípios vizinhos como Angelina e Rancho Queimado, emancipados em 1961 e 1962, e São Pedro de Alcântara, que se tornou município em 1995.

• O bairro do Estreito, em Florianópolis, já pertenceu a São José. Chamava-se distrito de João Pessoa e foi anexado à capital em 1943 para que Florianópolis tivesse uma arrecadação melhor.

• São José é a única cidade de Santa Catarina que tem divisa terrestre com Florianópolis. O município faz fronteira com os bairros do Estreito, Capoeiras, Abraão, Coqueiros, Bom Abrigo, Itaguaçu, Vila Aparecida e Jardim Atlântico.

• São José tem o shopping mais antigo de Santa Catarina, o Itaguaçu.

• A primeira usina hidrelétrica na região foi construída em São José, no Sertão do Maruim.

Theatro Adolpho Mello é o mais antigo em Santa Catarina e o 3º do Brasil e voltou a funcionar em 2021 após reforma.

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