Jessé Lopes tuíta quase todos os dias e não são raras as falas controversas. Em seu primeiro ano como deputado estadual, veio à tona com discursos na tribuna da Alesc e com postagens de caráter conservador e por vezes extremista.
Sem conseguir destaque por um bom trabalho parlamentar, Lopes alcança o seu objetivo publicitário com a verborragia, seja contra movimentos sociais, pessoas, partidos, ou contra o governador, Carlos Moisés, com quem está rompido desde julho. Em agosto, Moisés chegou a pedir a expulsão de Lopes do PSL, partido de ambos. O deputado se classifica mais radical que Jair Bolsonaro e deve segui-lo na futura nova sigla Aliança, que tende a captar os políticos mais duros.
O recente episódio em que defende o assédio contra mulheres – fato que o deputado não consegue enxergar – é apenas mais um na recente e lamentável história do político. Sua linha política não é de construção de boas pautas ou projetos que façam alguma diferença positiva na vida dos catarinenses, mas sim de usar sua posição de poder para ser reacionário. Dispara críticas para todos os lados, à exceção do governo federal, e assim consegue mais uma vez os holofotes.
Dessa vez a martelada foi boa para Lopes, que conseguiu atenção nacional. Para o deputado, aparentemente pouco importa se a maioria do país está lhe mostrando o equívoco, é justamente essa mobilização das redes sociais em torno de mais uma polêmica que o faz ter alguma relevância. Criticado por uma legião de brasileiras e brasileiros por ter tentado articular um “lado positivo” no assédio sexual, tratou com desdém e impropérios as reações e assim deve continuar se posicionando.
Na tentativa de corrigir o que realmente pensa, ele argumenta que a imprensa distorce suas falas, que não defende o assédio e que praticamente todo mundo é de esquerda.
A indignação das pessoas, incluindo as deputadas estaduais, que farão representação na Alesc contra ele, parecem não gerar um pingo de consciência para o deputado. Ele continua batendo com força nas teclas, usando o capslock, para ganhar força frente às vaias.
Um tuíte seu recente passou “despercebido”. O deputado diz que não sabe o que o ex-goleiro Bruno fez para deixar a deputada Maria do Rosário (PT) “assim brava”. Bruno Fernandes das Dores de Souza mandou matar em 2010 Eliza Samúdio, que era mãe de seu filho, e o corpo foi dado de comer aos cachorros.
Ao longo desse ano, Lopes deve voltar ao centro do palco para mais apresentações de seu show de horrores, bancado pelos catarinenses.
por Lucas Cervenka, redação Correio SC