Prevista para ser finalizada em novembro de 2021, a obra do Sistema de Esgotamento Sanitário (SES) Ingleses-Santinho, no norte de Florianópolis, está paralisada há dois meses. O motivo seria um pedido de aditivo do consórcio responsável, que a Casan avalia. Os serviços já vinham em ritmo lento pelas medidas restritivas da pandemia.
O sistema visa atender as áreas norte e sul do bairro Centro dos Ingleses e a praia do Santinho, que são tratadas na estação de Canasvieiras. Nos últimos anos, a companhia construiu a ampliação da rede de coleta nessas praias do norte da ilha, porém ainda sem operação por conta do entrave judicial.
Histórico
Em 2015, o governo estadual lançou o edital para ampliação do sistema de esgoto dos Ingleses e Santinho, que previa a instalação de 58,6 quilômetros de rede coletora, oito estações de bombeamento e uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE), com capacidade para depurar 105 litros por segundo. O consórcio Trix-Infracon foi selecionado por critério de preço e após ganhar na justiça o direito de executar a obra – isso porque o consórcio fora declarado inapto tecnicamente para a execução. Com isso, há pelo menos três anos em discussão, a obra teve início em 2017, com financiamento da Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica). De lá pra cá, o investimento inicial de R$ 84.002.119,87 passou para R$ 94,5 milhões, em 2019, e agora a Casan avalia um segundo pedido de aumento. Isso porque, com a pandemia, os preços de materiais passaram por um desequilíbrio, que o consórcio busca corrigir com o aditivo.
Enquanto não há uma definição sobre os novos valores, as obras estão paralisadas há pelo menos dois meses e antes disso vinham em ritmo lento. Em princípio, o prazo para finalização era de 1.080 dias, o que terminaria em junho de 2020, mas passou para 28 de novembro deste ano. Com a paralisação, esse prazo deve ser modificado, já que os serviços devem ser retomados apenas no segundo semestre.
Neste ano, os moradores do Santinho chegaram a protestar contra parte do projeto, pedindo a realocação das elevatórias de tratamento, que ficariam no Parque Natural do Santinho para bombear esgoto coletado à ETE dos Ingleses.
Em janeiro do ano passado, antes da pandemia, a Casan tinha a previsão de realizar contratações de mais operários para a obra da estação de tratamento, que naquela altura tinha 10% dos serviços executados. Na rede coletora de esgoto, 50,5 km haviam sido instalados, correspondendo a cerca de 75% do previsto. Em setembro, o percentual chegou a 79%, com 53,58 km. No total, serão instalados mais de 60 km de rede, com cerca de 5 mil ligações domiciliares. A estação deve beneficiar uma população de mais de 40 mil moradores fixos, além dos turistas na temporada.
Mesmo com boa parte da rede já instalada, elas não estão em operação por conta do entrave na obra da ETE e, assim, os esgotos residenciais ainda não podem ser conectados. Quando o projeto ficar pronto deverá beneficiar uma população de mais de 40 mil moradores fixos e cerca do triplo durante a temporada.
Contraponto
A Casan confirma que o consório pede na justiça aditivo para continuar a obra, por questões de subidas de preços na pandemia, desativação das industrias fornecedoras, entre outros. A companhia também diz que os engenheiros foram deslocados para as ações emergenciais na Lagoa da Conceição, em função da previsãoo de chuvas fortes, e outros técnicos já estavam deslocados justamente para dar agilidade às avaliações dos imóveis atingidos no acidente de janeiro da Lagoa da Conceição, um acontecimento que afetou as atividades rotineiras, com reflexos em outras áreas.
O consórcio também foi procurado para se manifestar. O espaço está aberto.
Por Ana Ritti – redacao@correiosc.com.br